16.04.2013 Views

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

212<br />

Po<strong>de</strong> ser. O que eu digo é que os personagens<br />

femininos, aqui, são muito positivos, enquanto<br />

os homens estão sempre dando murros em ponta<br />

<strong>de</strong> faca. Eles estão <strong>de</strong> passagem, num instante <strong>de</strong><br />

vida provisório <strong>de</strong>ssas mulheres. O filme trabalha<br />

no registro dos sentimentos. Eu só pu<strong>de</strong> fazer<br />

esse filme porque admiro realmente aquelas<br />

mulheres. Eu tenho uma relação quase afetiva<br />

com as personagens. É um filme sem pieguice. Se<br />

há um rastro <strong>de</strong> esperança, ele está fundamentado<br />

na amiza<strong>de</strong> e na solidarieda<strong>de</strong> entre elas.<br />

Comparo com as garças que, na natureza, para<br />

sobre<strong>viver</strong> aos predadores, vivem em grupos.<br />

Em Anjos do Arrabal<strong>de</strong>, o que as faz enfrentar<br />

esse universo machista e violento é o entendimento,<br />

a amiza<strong>de</strong> entre elas. Os pequenos gestos<br />

<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> é que fazem a diferença.<br />

Claro que não existe esse negócio <strong>de</strong> retrato fiel<br />

da realida<strong>de</strong>. É a minha visão. São relatos que eu<br />

ouvi e interpretei à minha maneira. Nunca acreditei<br />

nessa conversa <strong>de</strong> <strong>cinema</strong>-verda<strong>de</strong>. O cara<br />

chega e diz: A realida<strong>de</strong> é assim. Isso <strong>de</strong> dizer que<br />

não vai interferir me cheira mais a preguiça ou<br />

falta <strong>de</strong> talento. Queira ou não queira, você está<br />

sempre interferindo na realida<strong>de</strong>, para bem ou<br />

para mal. Mesmo nos documentários. A gran<strong>de</strong>za<br />

das coisas, o que dá vida à arte, é justamente a<br />

forma <strong>de</strong> olhar, os sentimentos do criador. Se<br />

a obra não tiver seu traço, sua leitura e a sua<br />

sensibilida<strong>de</strong>, não vale a pena filmar. Qualquer<br />

livro, qualquer pintura que se espelhe no real,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!