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Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

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A filha é o espelho do personagem. É ela quem<br />

está acordando do pesa<strong>de</strong>lo. É ela quem está em<br />

todos os lugares. No fundo, a filha é ele mesmo,<br />

sua única parte inocente que sobrou em meio<br />

ao caos. A questão do espelho é uma coisa trabalhada<br />

quase que obsessivamente ao longo do<br />

filme. E o espelho é um elemento essencial do<br />

surrealismo, presente em obras <strong>de</strong> poetas fundamentais<br />

<strong>como</strong> André Breton e todos os outros<br />

que trabalharam a questão do duplo. Acho que<br />

o surrealismo foi a gran<strong>de</strong> revolução na arte do<br />

mundo mo<strong>de</strong>rno, porque representou a ruptura<br />

com a tradição e o realismo. O surrealismo trouxe<br />

à tona a questão da imaginação na criação, ao<br />

eleger o sonho a matéria-prima da invenção.<br />

Breton é presença explícita no filme, que não<br />

escon<strong>de</strong> suas origens em nenhum momento.<br />

Outra influência forte é o Haroldo <strong>de</strong> Campos.<br />

É por isso que mostro no filme, a capa <strong>de</strong> seu<br />

livro Deus e o Diabo no Fausto <strong>de</strong> Goethe. Ele<br />

nos revela Goethe <strong>como</strong> um gran<strong>de</strong> plagiador,<br />

o homem que transformou o plágio em obra <strong>de</strong><br />

arte. Ele fala <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> carnavalização,<br />

no qual a melhor criação nada mais é do que<br />

uma releitura, uma reciclagem das coisas mais<br />

importantes que o autor leu, sonhou ou vivenciou<br />

na vida, ou seja, suas influências. Recentemente<br />

Bertolucci pediu autorização a Godard<br />

para usar cenas <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus primeiros filmes<br />

no longa-metragem que estava concluindo sobre<br />

a geração culta dos anos 60. Godard respon<strong>de</strong>u<br />

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