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Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver - Universia Brasil

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86<br />

O meu episódio chamava-se A Badaladíssima dos<br />

Trópicos Contra os Picaretas do Sexo, e conta a<br />

história <strong>de</strong> uma diretora <strong>de</strong> <strong>cinema</strong> obcecada por<br />

fazer seu filme, mas que acaba na Boca do Lixo,<br />

enxertando cenas <strong>de</strong> sexo para po<strong>de</strong>r terminá-lo.<br />

O filme não tinha roteiro.<br />

Eu e Jairo Ferreira, meu assistente, íamos escrevendo<br />

diariamente conforme as condições <strong>de</strong><br />

filmagem. Parece até contraditório, pois meu<br />

sonho, quando entrei na faculda<strong>de</strong>, era ser roteirista<br />

e, no entanto, nesses primeiros filmes<br />

em episódios, eu praticamente joguei os roteiros<br />

fora. Eram filmes sem roteiro, verda<strong>de</strong>iros<br />

barcos à <strong>de</strong>riva. Tudo era escrito na hora, no dia<br />

<strong>de</strong> filmar.<br />

Influência Política<br />

Uma coisa que sempre me interessou muito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a adolescência, foi o pensamento anarquista.<br />

Sou filho único e meu pai morreu cedo. Minha<br />

mãe é estoniana. Pouca gente sabe disso, mas<br />

uma coisa que me marcou muito foi que passei<br />

a vida inteira testemunhando ela receber correspondência<br />

familiar aberta. A Estônia era um país<br />

que fazia parte da União Soviética. As cartas das<br />

irmãs e sobrinhas da minha mãe que chegavam<br />

em casa eram sempre lidas com antecedência<br />

pelos agentes da repressão, tanto na Estônia<br />

quanto no <strong>Brasil</strong>. Certa época da minha vida eu<br />

tentei me aproximar do Partido Comunista; mi-

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