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Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb

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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />

julho a dezembro de 2011<br />

do texto. Isso acontece por meio da polissemia da linguagem (essencialmente metafórica)<br />

e nas muitas vozes em ação no texto.<br />

Vejamos brevemente exemplos destas duas formas de perda e reencontro do<br />

leitor no texto do Apocalipse. A estrutura básica do Apocalipse pode ser descrita da<br />

seguinte forma:<br />

- Abertura e visão inicial (c.1)<br />

- Cartas às sete igrejas (c.2-3)<br />

- Visão do trono e do Cordeiro (c.4-5)<br />

- Abertura dos sete selos (c.6-18)<br />

- A guerra escatológica (c.19)<br />

- O milênio (c.20)<br />

- Novos céus e nova terra e Nova Jerusalém (c.21)<br />

- Advertências finais (c.22)<br />

Esta estrutura do texto é muito básica. Todo o tópico “abertura dos sete selos”<br />

contém vários desdobramentos e longas visões que quebram por momentos a sequência<br />

proposta. Conforme argumentamos acima, o aspecto temporal da revelação<br />

(em direção aos eventos do final dos tempos) é submetido ao geomítico: o texto<br />

ganha em qualidade de revelação quando João é transportado aos céus no começo<br />

do capítulo 4 e ali passa a ter visões sobre o mundo divino e sobre o mundo humano<br />

nesta perspectiva. Ali o final dos tempos é apresentado como um enigma resolvido.<br />

Portanto o enredo do Apocalipse é proléptico, tanto que no capítulo 19, após<br />

o cumprimento de todas as pragas (os sete selos) com a destruição de Babilônia,<br />

retoma-se o mesmo cenário e personagens do capítulo 5, ou seja, o culto celeste<br />

diante do Cordeiro entronizado. Neste sentido, o Apocalipse tem uma escatologia<br />

realizada. Mas isso não significa que haja harmonia na narrativa que encontramos<br />

nos capítulos 6 a 10: ali há tensão, clamores, choro, gritos de alegria e ações que se<br />

desencadeiam em novas ações. Parece haver linearidade nas ações, mas esta impressão<br />

é falsa. Há superposição, multidimensionalidade, vários ângulos de visada e<br />

vozes em ação.<br />

Vejamos mais detidamente a estrutura de capítulos 6 a 18. No capítulo 6 começa<br />

a série de abertura de sete selos pelo próprio Cordeiro nos céus. Eles contêm toda<br />

a série de eventos escatológicos. Estas pragas desempenham concomitantemente<br />

o papel de revelações. Os quatro primeiros selos são abertos e surgem os famosos<br />

quatro cavaleiros do Apocalipse. São demônios guerreiros que levam ao mundo:<br />

dominação, guerra, carestia de alimentos e, por fim, a morte e o Hades. Um quadro<br />

perfeito e completo do mundo tomado pela violência e a morte demoníacas. O

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