Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb
Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb
Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
162<br />
SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />
julho a dezembro de 2011<br />
(5) porque aquele que a põe em prática alcança a luz. 25 (5) Mas quem<br />
pratica a verdade vem para a luz, para que manifeste que suas obras são<br />
feitas em Deus (cf. Jo 3,21).<br />
Agostinho, ao afirmar que deseja alcançar a luz, entrelaça ao seu texto a passagem<br />
bíblica que se refere ao diálogo de Jesus com Nicodemos, em João 3, 21.<br />
A passagem é conhecida como referência ao novo nascimento pelo Espírito, que<br />
apresenta a necessidade de se praticar a verdade para vir à luz, manifestando assim<br />
as boas obras de Deus e a filiação a Deus por meio de Cristo.<br />
O texto bíblico inserido é interpretado no livro XII do Tratado sobre o Evangelho<br />
de João (3,21) 26 , em que Agostinho abre o paradoxo sobre o novo nascimento pelo<br />
Espírito. Quando Agostinho introduz a citação bíblica, nos remete à informação do<br />
novo nascimento, o que torna possível a proposição de semelhante tal como.<br />
Isso possibilita aproximar uma interpretação ao texto das Confissões que interpreta<br />
como primeiro dado de semelhança (similitude) a filiação, por meio do nascimento<br />
espiritual; ser semelhante se torna possível, pois esse é o modo pelo qual Agostinho<br />
reconhece a filiação.<br />
A compreensão sobre a similitude não é dada pela característica da forma que<br />
possa ser atribuída ao corpo ou à carne por meio do nascimento carnal atribuído ao<br />
nascido gerado pela mãe, mas pela questão ontológica da luz, compreendida a partir<br />
da semelhança que carrega um caráter que exige a interioridade, um nascimento<br />
espiritual que associa disposições e contrapõe a humildade ao orgulho, a verdade<br />
à mentira. A ontologia do ser nasce em sua complexidade ao demonstrar a semelhança<br />
de uma identidade com vistas à interioridade de uma boa vontade que tem<br />
como causa o outro e a deficiência daquilo que é próprio de si, o pecado.<br />
A distinção entre o mesmo e o ipse, entre o imutável e o mutável se desenvolverá<br />
no decorrer do livro quando Agostinho avança para sua intencionalidade em revelar<br />
quem é.<br />
A escrita da prece passa a entrelaçar o texto bíblico aos desenvolvimentos filosófico-teológicos,<br />
em que Agostinho exprime o desejo fundamental do conhecimento<br />
de si e de Deus associado à tríade da Luz, da Verdade e do Espírito, de modo que<br />
para aquele que deseja alcançar a Luz, praticar a Verdade e viver no Espírito, o meio<br />
para a prática é a semelhança com Cristo.<br />
25 Confissões X, i, 1.<br />
26 Traités sur Saint Jean. Évangile et Épître Aux Parthes in: Œuvres complètes de Saint Augustin traduites pour<br />
la première fois en français sous la direction de M. Poujoulat et de M. l’abbé Raulx. Bar-Le-Duc, 1864. Tomes<br />
X et XI. Douzième Traité. Depuis Cet Endroit : «Ce qui est ne de la chair est chair », jusqu’à : « Mais Celui<br />
qui a fait la verite vient a la lumiere, afin que ses oeuvres soient manifestees, parce que c’est en Dieu qu’elles<br />
ont éte faites » (chap. Iii, 6-21.) La Naissance Spirituelle.