Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb
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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />
julho a dezembro de 2011<br />
Pedro, futuro Pai da Igreja foi possuído por Satanás, assim como Judas que<br />
ter agido sobre influência deste, portanto seria inocente da culpa milenarmente<br />
atribuída a ele. Nas páginas de Atos dos Apóstolos o exorcismo se vulgariza tanto<br />
que os demônios se revoltam e não aceitam ser expulsos por qualquer um. Em<br />
Éfeso, havia sete exorcistas ambulantes, filho de Ceva, sumo sacerdote, que tentavam<br />
expulsar espíritos malignos de possessos. O episódio cômico está relatado<br />
em Atos 19:15-16:<br />
Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega.<br />
(...)<br />
Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem<br />
é Paulo; mas vós quem sois?<br />
E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a<br />
todos, e, de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e feridos,<br />
fugiram daquela casa. (BIBLIA SAGRADA, 1999, negrito nosso)<br />
Jesus, seus discípulos e Paulo expulsaram demônios. Mas neste episódio, o ritual<br />
parece que havia sido terceirizado: os filhos de Ceva queriam expulsar o demônio<br />
numa espécie de exorcismo em terceiro grau, em nome de Jesus, a quem Paulo pregava<br />
e de quem eles conheciam. O demônio deve ter pensando: Tão pensando que é<br />
expulsar demônio é brincadeira! O demônio deu uma surra nos sete filhos de Ceva,<br />
a notícia se espalhou e mais uma vez os demônios colaboraram para que o nome<br />
do Senhor fosse engrandecido. O resultado foi a queima numa fogueira de livros<br />
de artes mágicas. Que lástima! Jamais saberemos o que estava escrito ali. Ironia<br />
suprema: são os demônios que motivam a primeira fogueira inquisitorial...<br />
E foi só no final do primeiro século do Cristianismo que a conexão serpente-<br />
Lúcifer foi estabelecida por João no Apocalipse 12:7-9:<br />
Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão.<br />
Também pelejaram o dragão e seus anjos;<br />
Todavia não prevaleceram; nem se achou no céu lugar deles.<br />
E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo<br />
e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e,<br />
com ele, os seus anjos. (BIBLIA SAGRADA, 1999, negrito nosso)<br />
Quando ao Diabo na Teologia Católica e Protestante, é grande a tentação de<br />
fazer uma rápida exegese, que se revelaria incompleta, já que desde Santo Agostinho,<br />
Bispo de Hipona (354-420) e sua preocupação com a origem do mal levando a crer,<br />
como a maioria da Patrística, que este mundo é reino de Satanás, que o Diabo era<br />
um anjo perfeito, mas que recusou a graça e virou as costas para o bem, até Martim<br />
Lutero (1483-1546) e seus diálogos com o inimigo, suas tentativas de autoexcomunhão,<br />
o Diabo sempre foi objeto de escrutínio numa área que deveria estudar<br />
Deus. Exorcizemos esta nossa vontade de falar do Diabo na Teologia, e passemos<br />
ao estudo do diabo em alguns teóricos.<br />
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