Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb
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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />
julho a dezembro de 2011<br />
ainda que estas obras sejam escritas por autores confessadamente ateus, como são<br />
os casos de textos de João Cabral de Melo Neto e José Saramago, sem deixar de<br />
levar em consideração que a religião faz parte de uma experiência complexa na vida<br />
de muitos autores, como é o caso da religião na vida e obra de Thomas Mann; b)<br />
presença da religião na matriz da literatura lida a partir de teorias da interdiscursividade,<br />
intertextualidade, dialogismo e do palimpsesto; c) trabalho de autores sobre<br />
a religião no âmbito da crítica literária, como exemplos cito os nomes de Octavio<br />
Paz e Jorge Luis Borges, cujas obras teóricas pressupõem relações profundas entre<br />
mística e poesia ou entre narrativa religiosa e narrativa literária; d) Estudos da Bíblia<br />
como obra literária e não simplesmente como fonte da literatura, aqui exemplificados<br />
pelos trabalhos de Alter, Schmidt, Frye, Kernmode, Miles e Bloom; e) papel da<br />
literatura como intérprete da religião, não se restringindo ao trabalho de reescritura<br />
ou a literatura como a expansão dos mitos religiosos, no dizer de Calasso, mas a<br />
tentativa de responder a pergunta se a literatura e a crítica literária entram como<br />
hermenêuticas ou fontes de hermenêutica para a expansão dos estudos da religião.<br />
As reflexões sobre o papel da religião na obra de Thomas Mann se inserem dentro<br />
desta curta história da interpretação sobre a relação entre literatura e religião,<br />
literatura e teologia, e o fazem a partir de uma hermenêutica que propõe a interpretação<br />
do papel da religião, seja como tema complexo na biografia do autor, seja<br />
como tema nos textos literários escolhidos, seja como tema da cultura e do contexto<br />
nos quais a obra se origina. A proposta do artigo é apresentar panoramicamente o<br />
tema da religião na obra de Thomas Mann – autor pouco pesquisado no contexto<br />
brasileiro, especialmente no que concerne ao tema da religião em sua obra -, destacando<br />
aspectos centrais do papel da religião em seus mais importantes romances.<br />
Outros estudos darão seqüência ao artigo e focarão obras específicas.<br />
Justificativa<br />
A obra de Thomas Mann (1875-1955) tem no papel da religião, mas também<br />
no papel do místico para além da tradição judaica-cristã, que é a religião em foco na<br />
sua literatura, um tema recorrente em suas principais obras. Pelo fato do tema ser<br />
recorrente, estudos específicos poderiam ser e serão desenvolvidos sobre a relação<br />
entre religião e literatura em importantes obras do autor, tais como Buddenbrooks.<br />
Verfall einer Familie, Der Zauberberg (1924), Doktor Faustus (1947), Der Erwählte<br />
(1951) e na última obra do autor, Die Bekenntnisse des Hochstaplers Felix Krull. Der<br />
Memoiren erster Teil (1954), além de Joseph und seine Brüder (1934);<br />
Apesar de o tema ter grande relevância, não há estudos no contexto brasileiro<br />
sobre este aspecto tão marcante das obras de Thomas Mann. O que encontramos<br />
são alusões, referências vagas, indicações, mas não existem estudos sobre esta<br />
temática. Muitas vezes, o tema surge de forma superficial como parte de ensaios<br />
preocupados em trabalhar outros aspectos da obra de Thomas Mann. Fato é, que os<br />
estudos sobre Thomas Mann não são tão amplos assim no Brasil, se comparados ao