Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb
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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />
julho a dezembro de 2011<br />
que aparece em De Morte é a clássica: velha, vestido de negro com a gadanha na mão<br />
como a imagem abaixo:<br />
Passa-se o tempo e a Morte bem buscar o velhinho. Entra em seu quarto e o<br />
velhinho tenta convençê-la de que ainda não havia chegado a sua hora. A Morte ri<br />
e o texto informa que:<br />
Conversa vai, conversa vem, a Morte finalmente deixou o velho rezar<br />
um único Padre Nosso. Aí, ele foi rezando tão, tão, tão devagar, que a<br />
Morte, cansada de esperar, sentou na beirada da cama. Beleléu! Ficou<br />
grudada. (LAGO, 1992, s/p, negrito nosso)<br />
Com sua inteligência perspicaz, o velhinho engana a Morte, já que consegue<br />
que seu primeiro desejo e segundo desejo. Ele vê a morte de frente, ela não o pega<br />
de surpresa. Realizado o primeiro pedido ele vai enrolando a Morte e consegue efetivar<br />
seu segundo pedido: a Morte fica grudada em sua cama e dali não pode sair.<br />
Eis que então ocorre a primeira intermitência da Morte, porque ela entra em greve<br />
forçada, a Morte não mais mata assim como no livro de Saramago. Tanto Saramago<br />
quanto Ângela Lago grafam a Morte com letra Maiúscula. E tal como no romance<br />
do escrito português os problemas começam, pois as pessoas não morrem mais. O<br />
padre não recebe encomenda de missa, o carpinteiro reclama porque não tem caixão<br />
para fazer, o coveiro não tem covas a abrir. E pior de tudo, o velhinho tem que ouvir<br />
as lamúrias da Morte, que está grudada na sua cama.