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Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb

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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />

julho a dezembro de 2011<br />

na rememoração, na arte do aprendizado e ensino, e sim o médico interior, que<br />

introduz o papel da cura das enfermidades na rememoração em busca da harmonia<br />

aos significados mais profundos do seu interior, em que as metáforas se dirigirão<br />

ao estômago, olhos, boca etc., todos intimamente ligados à percepção dos sentidos,<br />

que revelam a inquietude da expectativa de um ainda-não a se constituir e de um<br />

não-mais que ainda o determine. Não é mais o inapagável que determina sua peregrinação,<br />

mas sim o ato vigilante do amor, da misericórdia da doação da graça que<br />

o presenteia 42 em sua confissão. A busca interior torna-se ainda mais intensa para<br />

transcender a si mesmo em direção a Deus como exercício próprio da constituição<br />

fundamental do si.<br />

A distensão do próprio espírito<br />

Agostinho, na passagem do parágrafo 6 para o parágrafo 7, marca a distensão do<br />

espírito em um ciclo dialético do tempo com a memória e a correlação do conhecimento<br />

assimétrico entre o conhecimento de si e o conhecimento de Deus.<br />

Revelarei, pois, àqueles a quem me mandas servir, não o que fui (non<br />

quis fuerim), mas o que já sou (sed quis iam sim) e o que ainda sou<br />

(quis adhuc sim). Mas não me julgo a mim mesmo. Assim peço que me<br />

escutem. 43<br />

O que foi é algo recordado, reestruturado, rememorado, é um presente das coisas<br />

passadas; 44 o que é agora ou já é o presente em que se encontra, o presente das<br />

coisas do presente; 45 o que ainda é é algo que permanece do passado no presente.<br />

O diferencial no livro X das Confissões é a abordagem no presente que é marcada<br />

pela “atenção”, 46 que é primordial na narrativa como revelação no livro X, em<br />

que Agostinho se compromete em dizer quem é,47 do que no “agora” é, que tem<br />

42 Grifo meu, uma vez que interpreto o presente ao final das Confissões como uma dádiva de Deus, que considero<br />

presente como ato de presentear, graça doadora.<br />

43 Confissões X, v, 6.<br />

44 Confissões X, iii, 4 e XI, xx, 26.<br />

45 Confissões XI, xx, 26.<br />

46 Agostinho, no livro X, marca sua narrativa dizendo que quer falar no presente quem é. Se considerarmos<br />

como válido que no livro XI, xxviii, 37, ele irá desenvolver o conceito sobre tempo, em que dá a noção de<br />

tempo como os três momentos do espírito, e o espírito no livro X, xiv, 21 é significado como sinônimo de<br />

memória, que realiza a expectativa, a atenção e a lembrança, e que a atenção, ou seja, o presente é o que perdura.<br />

Desse modo, a memória pode ser considerada como o centro da reflexão, em que avalia seus hábitos<br />

e suas ações e sua tomada de direção, não com dispersão, mas com atenção (XI, xxix, 39). Caso contrário,<br />

em parte, não faria sentido a grande especulação que faz sobre a sua memória e análise da condição humana<br />

desenvolvida no livro X. Portanto, os livros X e XI estão intimamente ligados ao conceito de memória,<br />

vontade e tempo, algo que é primordial para compreensão de sua existência.<br />

47 Confissões X, iv, 5, 6.<br />

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