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Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb

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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />

julho a dezembro de 2011<br />

O velhinho astuto resolve negociar a liberdade da morte, que já ela havia desistido<br />

de levá-lo. A Morte oferece cinco anos de vida a mais para ele se ele a libertar<br />

e nada. Depois oferece mais, dez anos de vida e novamente nada. Ela chegou a<br />

suplicar. Voltemos ao texto:<br />

Até que, uma noite, o velhinho resolveu negociar.<br />

- Quero 20 anos e também o seguinte: quando alguém estiver doente<br />

e for morrer, você aparece do lado esquerdo da cama do coitado.<br />

Quando o doente não for morrer, você aparece do lado direito. A<br />

Morte achou o pedido esquisito, porém, bem depressa, concordou e foi<br />

embora. (LAGO, 1992, s/p, negrito nosso)<br />

Observemos as semelhanças deste relato com o conto O Compadre da Morte.<br />

No conto O Compadre da Morte, é a própria Morte quem cria este estratagema para<br />

que seu compadre enriqueça e assim possa criar seu afilhado, já aqui em De Morte!<br />

é o velhinho quem cria o estratagema e a Morte, sem saída, aceita. Como a Morte<br />

havia ficado muito tempo intermitente - que dizer sem matar – aparece um monte<br />

de gente doente que está morre-não-morre. O velhinho trata de espalhar que agora<br />

tinha virado doutor e assim, começou a ficar rico ganhando um monte de presentes,<br />

já que a Morte trabalhava para ele e ele não errava um prognóstico: lado esquerdo,<br />

morte certa, lado direito, uma boa canja e o doente sarava.<br />

Passaram-se os vinte anos do acordo e a Morte resolve então vir buscar a alma do<br />

velhinho. Com medo de tanta esperteza, a Morte chamou o Diabo:<br />

- Busca o velhinho para mim e aproveita e carrega este danado direto<br />

para o inferno. Mas cuidado com a cama dele. É enfeitiçada! A Morte<br />

avisou. (LAGO, 1992, s/p, negrito nosso)<br />

Vale ressaltar que nos contos clássicos geralmente tanto a Morte como o Diabo<br />

aparecem sozinhos e desta forma são enganados. Nos contos com os quais já trabalhei<br />

em outras análises, Os três cabelos de Ouro do Diabo (Irmãos Grimm); O Moinho<br />

do Diabo (H. C. Andersen); Carvões para a lareira do Diabo (conto irlandês) e A<br />

criança vendida para o Diabo (conto francês), contos estes que se enquadram dentro<br />

do que se convencionou chamar de contos de enganamento do Diabo, o Diabo aparece<br />

sozinho e é enganado por alguém. Podemos observar que no conto O Compadre<br />

da Morte, a Morte aparece sendo enganada sozinha.<br />

Em De Morte!, a Morte se une ao Diabo. Primeiramente ela é enganada e pede<br />

ajuda ao Diabo que como observaremos também é enganado. O Diabo ao chegar<br />

a casa do velhinho, agora doutor, percebe que o mesmo estava tomando cachaça,<br />

tranquilo e feliz da vida.<br />

Toma comigo uma... só uma saideira – ele ofereceu ao Diabo.<br />

Diabo, todo mundo sabe, não recusa cachaça.<br />

- Assente aqui na beirada da cama – convidou o velho.<br />

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