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Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb

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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />

julho a dezembro de 2011<br />

mente percebe a verdade revelada por meio da divina iluminação. Entretanto, para<br />

Agostinho, a mais alta forma de visão pressupõe a posse da fé. 69<br />

Entre as duas forças que constituem a sua natureza, o sensível e o inteligível,<br />

Agostinho estabelece que deve ter por maior consideração a força da inteligência,<br />

que é o que distingue o homem na Criação. O intellectus é a parte que se assemelha<br />

e chega mais próximo a Deus. É a possibilidade de união pela iluminação divina.<br />

Reconhece que há diferentes funções e forças na alma. Toda essa multiplicidade<br />

de sentidos atribui ao “eu”, um só espírito, unus ego animus.70<br />

No percurso que Agostinho estabelece para ascender a Deus até o momento das<br />

Confissões, o ponto de partida é conhecer a alma do homem interior, que tem como<br />

diferencial, em relação à Criação, a razão superior, a inteligência.<br />

Neste ponto, chegamos à seguinte questão: a identidade narrativa é fundamental<br />

para a compreensão do discurso de Agostinho. Será que Agostinho está refletindo<br />

exatamente sobre a distinção e o diferencial entre o Criador e a criatura, ou ele está<br />

buscando pela semelhança, por algo que faça parte de sua constituição humana e<br />

que se assemelhe a Deus?<br />

Uma vez que ele começa o livro I com o paradoxo fundamental que constitui<br />

a relação do homem com Deus e de Deus com o homem, aponta para os questionamentos<br />

frente a um Ser imutável, em que há o desejo de Deus querer entrar em<br />

relação com o homem de uma natureza ligada a temporalidade, que logo de início<br />

já implica um reconhecimento do contraste entre a natureza humana e a natureza<br />

divina. Agostinho termina o livro XIII com o louvor em face da Criação de Deus.<br />

As interrogações de Agostinho pelo Criador e por sua origem retornam sempre<br />

para o seu interior e para algo acima de si.<br />

Desse modo, continua seu percurso de transcendência para Deus por degraus<br />

que o conduzam à interrogação feita ao interior de si mesmo para transcender a si<br />

mesmo, uma vez que reconhece que por meio da alma (de um só espírito) é constituído<br />

pelos sentidos do corpo, pela razão e pelo intellectus.<br />

Considerações finais<br />

Desde o início, é possível observar que Agostinho está articulando o pensamento<br />

do que existe e conhece ao seu redor em busca do conhecimento de si e<br />

de Deus. Busca pela iluminação do conhecimento e coloca em evidência a própria<br />

existência em correlação a Deus. É em torno de sua própria constituição e de<br />

69 MOURANT, 1980:58.<br />

70 Confissões X, vii, 11.<br />

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