Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb
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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />
julho a dezembro de 2011<br />
Em Um retrato da artista, Luisa Destri e Cristiano Diniz, ambos bastante<br />
familiarizados com o acervo pessoal da autora, nos trazem concepções se não novas,<br />
porém mais bem articuladas acerca da relação autoria e obra que é ponto fulcral e<br />
de onde não se pode prescindir para quem se interessa pelos escritos hilstianos. Há,<br />
nessa parte do livro, importantes informações sobre o legado de Hilda Hilst no<br />
qual percebemos uma clara imbricação do que foi o processo de escrita e da vida<br />
da autora, como se as duas coisas não pudessem ser dissociadas. “A ligação de Hilda<br />
com a terra proporcionada pela chácara, a vida rústica e afastada da badalação, suas<br />
referências freqüentes a santas e a temas espirituais – tudo isso precipitou um retrato<br />
quase místico da autora.” (p. 39)<br />
Sonia Purceno, na seção Ensaio de Leitura, faz uma breve incursão sobre a<br />
prosa ficcional da autora, sempre ressaltando aspectos já abordados pelos principais<br />
estudiosos de Hilda, como Eliane Robert de Moraes e Nelly Novaes Coelho, porém<br />
com uma visão mais crítica que se liga aos aspectos textuais propriamente ditos da<br />
obra como um todo. A focalização na produção pornográfica vai aparecer quase<br />
sub-repticiamente, porém, é central para que se perceba o esforço de Purceno em<br />
dissociar a imagem de Hilda Hilst ao de escritora pornográfica.<br />
Na interessante seção Entre Aspas, Luisa Destri destaca trechos das obras de<br />
Hilda que considera mais relevantes – e aqui caberia perfeitamente o termo “chocante”<br />
utilizado no sentido de dar choques de literariedade no leitor. São trechos nos<br />
quais se evidencia o trabalho linguístico de Hilda: uma espécie de oficina experimental<br />
com as palavras associada a uma frenética busca de sentido para a vida. As<br />
duas coisas amalgamadas, na verdade, vão cingir o ponto alto da literatura hilstiana,<br />
que é a procura pelo eu através da palavra.<br />
Finalizando, e não menos importante para quem não só está se iniciando nos<br />
estudos acerca dessa tão polêmica autora, mas sobretudo para aqueles que querem<br />
saber quais as últimas palavras ditas sobre Hilda, Sonia Purceno nos apresenta<br />
Estante, uma seção dedicada à crítica literária que se tem feito no Brasil e no exterior<br />
sobre Hilda Hilst. Aqui, a autora destaca os já conhecidos trabalhos, como é o<br />
caso de Cadernos de Literatura Brasileira do Instituto Moreira Salles, 1999, assim<br />
como as obras reunidas de Hilda Hilst da editora Globo, organizadas por Alcir<br />
Pécora. Há passagens também em que se reitera o trabalho de estudiosos como<br />
Anatol Rosenfeld, Caio Fernando Abreu, Leo Gilson Ribeiro e as já citadas Eliane<br />
Robert Moraes e Nelly Novaes Coelho. Aqui, cabe uma ressalva especial ao trabalho<br />
de Renata Pallotini, que vem se dedicando quase como voz uníssona à pesquisa<br />
sobre o teatro hilstiano, tão pouco priviliegiado por aqueles que se debruçam sobre<br />
sua obra.<br />
Em Cronologia, não são apresentadas novidades que já não tenham aparecido<br />
aqui e ali, quando se trata de trabalhos da autora, porém, mais uma vez, Luisa<br />
Destri e Cristiano Diniz acrescentam os títulos de dissertações de mestrado e teses<br />
de doutorado que estão sendo publicadas sobre a autora.