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Volume 1 - Número 8 - EDUEP - Uepb

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SocioPoética - <strong>Volume</strong> 1 | <strong>Número</strong> 8<br />

julho a dezembro de 2011<br />

dístico de Goldsmith selecionado pelo autor: “E’em now, methinks, as pondering<br />

here I stand/ I see the rural virtues leave the land” (WILLIAMS, 2001, p. 115). A<br />

evocação de paisagens desertas e muitas vezes desoladas também se torna recorrente<br />

neste período, entretanto, como ressalta o autor, a utilização de tais imagens, antes<br />

de ser um processo social, é imaginativo, é o que a nova ordem impõe ao poeta<br />

em seu âmago. Os cercamentos, como fenômeno social, alteraram a situação de<br />

muitos arrendatários e trabalhadores do campo, ao mesmo tempo em que o rápido<br />

processo de expansão e transformação de Londres representava uma radical modificação<br />

da paisagem inglesa. É nesse contexto complexo que surgirá, na literatura,<br />

uma gama de visões distintas acerca da cidade. Williams ressalta que, se Voltaire<br />

concebia a cidade como espaço da atividade industrial e dos prazeres mais finos,<br />

Defoe, com Moll Flanders, passa a apresentar a realidade londrina como o oposto<br />

do ideal de uma ordem civilizada, oferecendo uma realidade marcada pela contradição,<br />

pelo vício e o crime. A cidade apresenta, nos escritos do período, os mesmos<br />

contrastes entre riqueza e pobreza existentes no campo, entretanto, com uma maior<br />

intensidade advinda de seu crescimento desenfreado, conforme se pode perceber na<br />

imagem do “grande tumor”, concebida por Cobbett (WILLIAMS, 2011, p. 247-<br />

248):<br />

Londres, a metrópole da Grã-Bretanha, vem de longa data sendo<br />

criticada como uma espécie de monstro, com uma cabeça desmesuradamente<br />

grande, desproporcional ao corpo. E, no entanto, na conjuntura<br />

em que essa crítica foi feita pela primeira vez (duzentos anos atrás), os<br />

prédios de Londres iam pouco além dos limites da City. [...] Se, portanto,<br />

o acréscimo de construções, iniciado em épocas tão remotas, já<br />

era considerado uma espécie de tumor ou excrescência, o que dizer das<br />

incontáveis ruas e praças que surgiram desde então.<br />

À medida que a população crescia, Londres se tornava cada vez mais industrializada,<br />

entretanto, passa a necessitar cada vez mais de alimentos e materiais para suprir<br />

as necessidades de seus habitantes. O campo ao redor de Londres se transforma para<br />

atender as necessidades da cidade, entretanto, como o autor destaca, não era uma<br />

simples situação onde o centro industrial é abastecido pelo interior, mas sim “uma<br />

capital determinando o caráter de uma economia e de uma sociedade das quais ela<br />

era o centro extraordinário: ordem e caos ao mesmo tempo” (WILLIAMS, 2011, p.<br />

249). O campo passa a figurar em segundo plano – à sombra do desenvolvimento<br />

da cidade – em detrimento da crescente consolidação e expansão do novo sistema<br />

industrial. Conforme esse novo sistema social obtém sucesso, vê-se a considerável<br />

expansão de seu alcance, fazendo surgir manifestações literárias locais, que evocavam<br />

paisagens bucólicas marcadas sempre por “alguma forma de nostalgia. Aqui<br />

e ali, era possível lembrar outras épocas e outros costumes. Mas, sob a pressão das<br />

contradições gerais do sistema, tais observações locais realistas deram origem a uma<br />

visão histórica geral e, por fim, a um mito” (WILLIAMS, 2011, p. 142).<br />

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