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A reestruturação da cotonicultura no Brasil - Cepea - USP

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O objetivo deste trabalho foi examinar o padrão de crescimento <strong>da</strong> produção de algodão<br />

<strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> entre os a<strong>no</strong>s 1960 – quando se inicia a política de modernização <strong>da</strong> agricultura – até os<br />

dias atuais quando se materializa a expansão <strong>da</strong> cultura para <strong>no</strong>vas regiões do país, num <strong>no</strong>vo<br />

sistema produtivo. Buscou-se identificar se o desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>cotonicultura</strong> brasileira pôde<br />

ser atribuí<strong>da</strong> predominantemente aos estímulos de deman<strong>da</strong> (interna e externa) ou a mu<strong>da</strong>nças do<br />

lado <strong>da</strong> oferta através de avanços tec<strong>no</strong>lógicos e gerenciais que resultaram em maior eficiência e<br />

produtivi<strong>da</strong>de.<br />

Desde meados dos a<strong>no</strong>s 1970 os preços do algodão vêm caindo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e, mesmo<br />

assim, após a <strong>reestruturação</strong> dos a<strong>no</strong> 1990, a produção se expande de forma marcante. Neste<br />

trabalho argumenta-se que tal perfomance decorreu de uma conjugação de fatores de ordem<br />

tec<strong>no</strong>lógica (do lado <strong>da</strong> oferta) e mercadológica (do lado <strong>da</strong> deman<strong>da</strong>). A capaci<strong>da</strong>de empresarial<br />

e empreendedora dos produtores brasileiros foi essencial para transformar as oportuni<strong>da</strong>des e<br />

superar os obstáculos para que a produção de algodão e derivados alcançasse o elevado padrão de<br />

produtivi<strong>da</strong>de e eficiência dos dias de hoje.<br />

Por um lado, o modesto crescimento <strong>da</strong> eco<strong>no</strong>mia brasileira – após o boom dos a<strong>no</strong>s<br />

1970 – foi complementado por uma abertura para o comércio exterior a partir do final dos a<strong>no</strong>s<br />

1980. Evidentemente entre esses períodos ficou uma lacuna, que veio a ser de<strong>no</strong>mina<strong>da</strong> de<br />

“déca<strong>da</strong> perdi<strong>da</strong>”. Visando a atender a esse mercado, o setor se organiza e se transforma numa<br />

“<strong>cotonicultura</strong> empresarial” – transferindo mesmo em massa para outras regiões onde as<br />

limitações e as restrições fundiárias – entre outras – pudessem ser supera<strong>da</strong>s. Tratava-se ain<strong>da</strong> de<br />

superar a mu<strong>da</strong>nça <strong>no</strong> relacionamento com o Estado, que – diante <strong>da</strong> exaustão de recursos –<br />

perdia sua capaci<strong>da</strong>de de promover a ativi<strong>da</strong>de econômica. Houve ain<strong>da</strong> o ajuste <strong>no</strong> sistema<br />

comercial que desde sua origem nas regiões tradicionais baseava-se em algodoeiras que, através<br />

<strong>da</strong>s cooperativas, adquiriam o produto do produtor, beneficiavam e vendiam às indústrias. A<br />

maior parte <strong>da</strong>s algodoeiras não teve fôlego financeiro para suportar a concorrência <strong>da</strong>s grandes<br />

tradings companies, que emergiram com abertura comercial. Acompanhando a evolução, o setor<br />

industrial passou a fazer contratos com grandes cotonicultores, favorecendo a integração do<br />

sistema produtivo, incluindo a produção, as algodoeiras e, até mesmo, a fiação, atuando<br />

diretamente <strong>no</strong> mercado de pluma ou de fio.<br />

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