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A reestruturação da cotonicultura no Brasil - Cepea - USP

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1 INTRODUÇÃO<br />

1.1 Considerações gerais<br />

Desde meados dos a<strong>no</strong>s 1970 os preços do algodão vêm caindo <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e, mesmo<br />

assim, após a <strong>reestruturação</strong> dos a<strong>no</strong>s 1990, a produção se expande de forma marcante. Neste<br />

trabalho argumenta-se que tal perfomance decorreu de uma conjugação de fatores de ordem<br />

tec<strong>no</strong>lógica (do lado <strong>da</strong> oferta) e mercadológica (do lado <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> tanto interna como<br />

externa). A capaci<strong>da</strong>de empresarial e empreendedora dos produtores brasileiros, por sua vez, foi<br />

essencial para transformar as oportuni<strong>da</strong>des e superar os obstáculos para que a produção de<br />

algodão e derivados alcançasse o elevado padrão de produtivi<strong>da</strong>de e eficiência dos dias de hoje.<br />

Muitos autores, dentre eles Barros, Pastore e Rizzieri (1977), Barros (1979),<br />

Szmrecsányi (1990), Baer (1996), Coelho (2001), e Teixeira (2005), situam a modernização <strong>da</strong><br />

agricultura brasileira <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1960. No caso do algodão, desde então – ou mais precisamente<br />

desde meados dos a<strong>no</strong>s 1970 – os preços vêm caindo e, mesmo assim, após a <strong>reestruturação</strong> dos<br />

a<strong>no</strong> 1990, a produção se expande expressivamente. A pergunta que se propõe é: o<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>cotonicultura</strong> brasileira atribui-se predominantemente aos estímulos de<br />

deman<strong>da</strong> (interna e externa) ou a mu<strong>da</strong>nças do lado <strong>da</strong> oferta através de avanços tec<strong>no</strong>lógicos e<br />

gerenciais que resultaram em maior eficiência e produtivi<strong>da</strong>de? A relevância dessa questão está<br />

em que os impactos do crescimento <strong>da</strong> produção sobre a socie<strong>da</strong>de – em termos de bem-estar<br />

(ren<strong>da</strong> real e distribuição, essencialmente) – dependem fun<strong>da</strong>mentalmente <strong>da</strong> importância relativa<br />

desses vetores como geradores do crescimento.<br />

Em geral, uma expansão <strong>da</strong> produção sem avanço tec<strong>no</strong>lógico não tem como se <strong>da</strong>r sem<br />

a necessária expansão – via deman<strong>da</strong> – do mercado consumidor, sob pena de frustrar-se devido a<br />

que<strong>da</strong> de preços. Havendo apenas crescimento de deman<strong>da</strong>, haverá simultaneamente à expansão<br />

<strong>da</strong> produção aumentos de preços, decorrentes <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de (a) afastar-se a produção dos<br />

centros consumidores ou de portos de exportação e/ou (b) substituir outras ativi<strong>da</strong>des por aquela<br />

em expansão a custos de oportuni<strong>da</strong>de crescentes. Assim, o crescimento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de é<br />

condição necessária para o crescimento <strong>da</strong> produção a preços constantes ou decrescentes.<br />

Porém, o crescimento fun<strong>da</strong>do <strong>no</strong> avanço tec<strong>no</strong>lógico não se viabiliza de forma<br />

sustenta<strong>da</strong> sem expansão do mercado. Na falta desta, resulta o que autores têm-se referido como<br />

armadilha do treadmill (COCHRANE, 1958) ou de modernização autocontrola<strong>da</strong> (PAIVA,<br />

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