A reestruturação da cotonicultura no Brasil - Cepea - USP
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internas e externas (exportação).<br />
Com a redução dos recursos governamentais <strong>no</strong> final dos a<strong>no</strong>s 1980 e início dos a<strong>no</strong>s<br />
1990, houve o desaparecimento do modelo paternalista de política e sua substituição por um <strong>no</strong>vo<br />
tratamento do setor pelo Estado, com função de sinalizador para a condução dos negócios<br />
privados. Já na segun<strong>da</strong> metade <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, o <strong>Brasil</strong> teve maior acesso ao mercado<br />
exter<strong>no</strong> e neste caso a hipótese é de que a exportação permitiu explorar eco<strong>no</strong>mias de escala, pois<br />
havia mercado para escoar o produto, favorecendo o deslocamento <strong>da</strong> produção para o Centro-<br />
Oeste.<br />
Na parte descritiva do trabalho, discute-se até que ponto o ambiente econômico do país<br />
foi um fator decisivo, primeiro, para a per<strong>da</strong> de representativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> produção e, depois, para<br />
sua retoma<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990. Qual foi o peso <strong>da</strong> abertura<br />
comercial e tarifas de importação e exportação neste período?<br />
Acredita-se que houve uma expressiva relação entre o custo <strong>da</strong> terra e o deslocamento<br />
<strong>da</strong> cultura do algodão a ca<strong>da</strong> a<strong>no</strong>. Nas regiões tradicionais, o custo <strong>da</strong> terra era maior,<br />
comparativamente ao <strong>da</strong>s regiões de fronteira agrícola, favorecendo o desenvolvimento <strong>da</strong> cultura<br />
nestas últimas locali<strong>da</strong>des.<br />
Neste mesmo sentido, parece que as condições e<strong>da</strong>fo-climáticas (clima, fertili<strong>da</strong>de do<br />
solo etc.) também tiveram um expressivo peso sobre as decisões dos produtores. Da mesma<br />
forma, o deslocamento <strong>da</strong> cultura teve como fator decisivo a busca por <strong>no</strong>vas regiões onde havia<br />
me<strong>no</strong>r infestação de pragas, como o bicudo, que nas regiões tradicionais.<br />
Outras hipóteses também poderiam ser destaca<strong>da</strong>s neste trabalho, mas as supracita<strong>da</strong>s<br />
parecem ser as principais que serão testa<strong>da</strong>s neste trabalho. Apenas para citar, outras linhas de<br />
questionamentos sobre o crescimento <strong>da</strong> produção de algodão <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> englobariam a<br />
modernização do setor industrial e a deman<strong>da</strong> por produto de melhor quali<strong>da</strong>de, as características<br />
dos produtores e o risco <strong>da</strong> produção de algodão frente a culturas substitutas em área.<br />
Ao mesmo tempo em que se apresentam essas questões, elas subsidiam as hipóteses a<br />
serem respondi<strong>da</strong>s por este trabalho. Acredita-se que ca<strong>da</strong> um dos fatores supracitados tenham<br />
tido alguma influência sobre a <strong>cotonicultura</strong> nacional, tanto <strong>no</strong> período de decréscimo quanto de<br />
sua implantação <strong>no</strong> sistema empresarial. A proposta deste trabalho, como anteriormente<br />
destacado, é apontar e mensurar a influência destes fatores de forma conjunta sobre o setor.<br />
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