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A reestruturação da cotonicultura no Brasil - Cepea - USP

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4.6 Alguns apontamentos<br />

As análises dos aspectos supracitados contribuíram para verificar o <strong>no</strong>tório desempenho<br />

recente <strong>da</strong> <strong>cotonicultura</strong> nacional, que superou surpreendentemente um período de crise, de baixa<br />

produção interna e expressiva necessi<strong>da</strong>de de importação para suprir a deman<strong>da</strong> interna de<br />

pluma, para se tornar um importante produtor mundial, gerando excedentes exportáveis<br />

consideráveis. Isso conduziu, e ao mesmo tempo foi proporciona<strong>da</strong>, pelo deslocamento <strong>da</strong><br />

produção para <strong>no</strong>vas regiões, ameaçando aquela <strong>cotonicultura</strong> de áreas “tradicionais”, muitas<br />

vezes pouco tecnifica<strong>da</strong>, e favorecendo o desenvolvimento relativamente recente em regiões que<br />

apresentavam condições para produção em grandes áreas, com processo produtivo mecanizado<br />

do plantio à colheita, chamado de “<strong>cotonicultura</strong> empresarial”.<br />

Os principais impactos desse processo <strong>no</strong> sistema podem ser destacados como:<br />

mu<strong>da</strong>nças de agentes envolvidos na comercialização <strong>da</strong> pluma; acréscimo <strong>da</strong> importância do<br />

papel <strong>da</strong> iniciativa priva<strong>da</strong> em vários aspectos, principalmente àqueles relacionados à pesquisa<br />

genética e busca de acesso a <strong>no</strong>vos mercados; surgimentos <strong>da</strong>s associações de classe,<br />

representativas de ca<strong>da</strong> elo do sistema – que passaram a reivindicar ações mais efetivas para a<br />

agroindústria –; os programas de incentivos regionais ao plantio e o aumento na alíquota de<br />

importação do algodão em pluma.<br />

Como descrito, observou-se que por muitos a<strong>no</strong>s a tônica do gover<strong>no</strong> foi sempre o de<br />

atender primeiro a deman<strong>da</strong> <strong>da</strong> indústria e se houvesse excedentes estes podiam ser exportados.<br />

Contudo, a junção de fatores exter<strong>no</strong>s e inter<strong>no</strong>s, como a abertura comercial e o deslocamento <strong>da</strong><br />

produção para <strong>no</strong>vas regiões, causou mu<strong>da</strong>nças significativas na estrutura produtiva, o que<br />

contribuiu para que o mesmo deixasse de ser um importador líquido, para se tornar um<br />

importante player em termos de exportações mundiais.<br />

Entretanto, alguns fatores também foram favoráveis para as exportações de algodão,<br />

podendo ser citados: a desvalorização cambial ocorri<strong>da</strong> <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 1999, favorecendo a produção<br />

de produtos exportáveis; os preços favoráveis, tanto <strong>no</strong> mercado inter<strong>no</strong> quanto exter<strong>no</strong>,<br />

aumentando a competitivi<strong>da</strong>de do algodão frente a outras lavouras concorrentes em termos de<br />

área; e, conseqüentemente, o acesso a outros mercados, como o exter<strong>no</strong>.<br />

O aumento <strong>da</strong>s importações brasileiras de algodão em pluma, em especial na déca<strong>da</strong> de<br />

1990, parece ter sido o resultado <strong>da</strong> abertura ao mercado exter<strong>no</strong>, <strong>da</strong> formação do Mercosul, <strong>da</strong><br />

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