A reestruturação da cotonicultura no Brasil - Cepea - USP
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A área colhi<strong>da</strong> com algodão apresentou decréscimo até a segun<strong>da</strong> metade <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de<br />
1990, se estabilizando e voltando a crescer <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s seguintes (Figura 20). A produção de<br />
algodão em caroço oscilou expressivamente até início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, mas foi maior que a de<br />
1967 em praticamente todo o período. Em segui<strong>da</strong>, a produção decresceu, sendo o a<strong>no</strong> de 1997 o<br />
de me<strong>no</strong>r área colhi<strong>da</strong> e também de me<strong>no</strong>r produção (Figura 21). A estabilização <strong>da</strong> área colhi<strong>da</strong>,<br />
mais do que compensa<strong>da</strong> por ganhos de produtivi<strong>da</strong>de, conduziu aos aumentos expressivos de<br />
produção <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s posteriores.<br />
Por fim, a última variável utiliza<strong>da</strong> foi a de preços <strong>no</strong> mercado inter<strong>no</strong>. Conforme pode<br />
ser analisado na Figura 22, os preços recebidos pelos produtores cresceram até meado <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
de 1970, reduzindo em quase todos os a<strong>no</strong>s seguintes. No a<strong>no</strong> de 2004, os preços recebidos pelos<br />
produtores representaram aproxima<strong>da</strong>mente 66% do que foi recebido em 1967. O acréscimo de<br />
produção e ganhos de produtivi<strong>da</strong>de parecem ser os principais fatores que justificam esta<br />
tendência. Contudo, uma questão que se coloca é sobre a relação entre ganhos de produtivi<strong>da</strong>de e<br />
que<strong>da</strong>s de preços. Será que os preços decrescem na mesma proporção em que a produtivi<strong>da</strong>de<br />
aumenta? A reposta parece ser negativa, ou seja, mesmo havendo decréscimo, o acesso a outros<br />
mercados, pela exportação, favorece o crescimento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de, e <strong>da</strong> produção, sem que os<br />
preços recebidos diminuam na mesma proporção. Além disso, integrado ao mercado exter<strong>no</strong>, o<br />
setor de algodão tem <strong>no</strong> preço exter<strong>no</strong> sua referência: quer se exporte ou importe, o preço inter<strong>no</strong><br />
tende a convergir para o exter<strong>no</strong>. Não se verificaria perfeita correlação entre esses dois preços<br />
devido a interferências governamentais – pontuais ou temporárias – <strong>no</strong> mercado.<br />
Pode-se analisar a inter-relação entre o preço recebido pelo produtor com a ven<strong>da</strong> <strong>no</strong><br />
mercado inter<strong>no</strong> e aquele recebido com a ven<strong>da</strong> ao mercado exter<strong>no</strong>. Apesar do <strong>Brasil</strong> não ter<br />
sido um grande player <strong>no</strong> mercado internacional de exportação, a Figura 23 mostra que a<br />
tendências destes preços foram praticamente as mesmas em quase todos os a<strong>no</strong>s analisados, com<br />
exceção do período de 1986 a 1993. Este período coincide com aquele em que as tarifas de<br />
importação foram zera<strong>da</strong>s e em que havia forte restrição para exportação através de quotas e<br />
tarifas. Estimativas realiza<strong>da</strong>s por Lopes (1992), através de Coeficientes de Proteção Efetiva e<br />
Nominal, indicaram que os preços domésticos do algodão ficaram abaixo dos preços de pari<strong>da</strong>de<br />
de exportação entre 1970 e 1992, sinalizando para o fato de que a produção de algodão <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />
foi desvaloriza<strong>da</strong> em relação ao seu custo de oportuni<strong>da</strong>de <strong>no</strong> mercado mundial. Segundo o autor,<br />
as tarifas de exportação são as principais justificativas para este fator.<br />
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