A reestruturação da cotonicultura no Brasil - Cepea - USP
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Ao mesmo tempo, foca-se na busca por tec<strong>no</strong>logia, condição sine qua <strong>no</strong>n para a<br />
necessária competitivi<strong>da</strong>de e sobrevivência na eco<strong>no</strong>mia que se globalizava. A partir dos a<strong>no</strong>s<br />
1990 verifica-se um processo de redefinição institucional. Devido à escassez de recursos estatais<br />
a partir dos a<strong>no</strong>s de 1980, o sistema público de pesquisa foi necessariamente encolhido. A<br />
iniciativa priva<strong>da</strong> passa a investir em pesquisa, especialmente a partir de 1997, quando foi<br />
aprova<strong>da</strong> a Lei de Proteção de Cultivares – LPC. Atualmente, parte do material genético usado<br />
nas lavouras é de origem priva<strong>da</strong>, tanto produzi<strong>da</strong> internamente quanto trazi<strong>da</strong> do exterior. É<br />
expressivo o papel desempenhado pelos fundos privados de pesquisa com recursos dos<br />
programas de incentivos estaduais assim como o de parcerias entre grandes produtores ou<br />
associações de produtores e os fabricantes de sementes.<br />
Essa tec<strong>no</strong>logia que resulta desse intricado processo leva efetivamente a saltos de<br />
produtivi<strong>da</strong>de que se viabilizam graças as exportações, que moderavam as que<strong>da</strong>s de preços que<br />
fatalmente ocorreriam caso a expansão <strong>da</strong> produção ficasse represa<strong>da</strong> <strong>no</strong> mercado inter<strong>no</strong>. A<br />
produtivi<strong>da</strong>de agrícola de algodão em caroço que <strong>no</strong>s 20 a<strong>no</strong>s anteriores a 1985 estagnara-se<br />
abaixo de 600 kg/ha, em 1997 alcança 1.400 kg, e em 2004 ultrapassa 3.300kg.<br />
O desenvolvimento <strong>da</strong> <strong>cotonicultura</strong> nacional não foi sem sobressaltos. Ain<strong>da</strong> na déca<strong>da</strong><br />
de 1960, o gover<strong>no</strong> Federal passou a promover a exportação de manufaturados com pesados<br />
controles sobre as exportações de matérias-primas. Em 1973, as exportações <strong>da</strong> pluma também<br />
foram proibi<strong>da</strong>s. Programas neste sentido foram mantidos até o a<strong>no</strong> de 1988. Nessas ocasiões,<br />
enquanto as exportações e os insumos que o setor produtor adquiria eram tributados, as<br />
importações eram isentas. Somente em 1996 o ICMS foi extinto para essas transações. Os<br />
diferenciais de juros exagerados entre o mercado inter<strong>no</strong> e exter<strong>no</strong> – marco <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990 –<br />
distorciam o comércio, favorecendo a importação. A partir do final dos a<strong>no</strong>s 1980 e início dos<br />
a<strong>no</strong>s 1990, mu<strong>da</strong> a relação do setor com o Estado. O crédito oficial se escasseia e a política de<br />
preços procura formas me<strong>no</strong>s custosas e pontuais de acudir o setor – através do PEP e <strong>da</strong>s<br />
opções, principalmente. Somente a partir de 1997 o BNDES disponibiliza o FINAME-Agrícola,<br />
para aquisição de máquinas e equipamentos <strong>no</strong>vos.<br />
A pesquisa aqui relata<strong>da</strong> apontou que a área colhi<strong>da</strong> com algodão tem uma evolução<br />
fortemente marca<strong>da</strong> por um processo auto-regressivo. Aparentemente, defini<strong>da</strong>s as condições<br />
gerais econômicas e tec<strong>no</strong>lógicas, a área <strong>da</strong> cultura passa a seguir um processo de elevação ou<br />
redução em direção ao valor desejado que pode levar uma déca<strong>da</strong> ou mais. Ela tem sido pouco<br />
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