A reestruturação da cotonicultura no Brasil - Cepea - USP

Da mesma forma, a decomposição da variância do quantum exportado continuou
apontando para sua dependência em relação as demais variáveis do modelo (Tabela 18). Em
termos gerais, mais de 70% das variações da exportação são explicadas pelas demais variáveis do
modelo. Variações de produtividade e de produção foram mais expressivas na explicação das
variações da exportação, mas o preço interno e a renda interna também se mostraram relevantes.
Desta forma, as exportações oscilam mais em virtude de fatores relacionados à oferta do
produto (produtividade) e de excedente de mercado interno (maior produção). Fatores
relacionados à demanda interna e preços são secundários em explicar a decomposição da
variância do erro de previsão da série.
A decomposição da variância do erro de previsão da produção de algodão em caroço se
mostrou mais dependente das demais variáveis, comparativamente à área colhida. Contudo,
somente fatores relacionados à choques de oferta (produtividade) e de preços que tiveram
influências relevantes sobre a produção. Fatores relacionados à demanda, seja do mercado interno
(PIB) ou do externo (exportação), não se mostraram importantes em explicar variações da
produção (Tabela 19).
A explicação da decomposição da variância do erro de previsão devido à própria
variável é de praticamente 56% a partir do terceiro período, ou seja, há uma expressiva
exogeneidade da produção. A produtividade explica aproximadamente 28% das variações na
produção, enquanto a participação dos preços apresenta ligeiros acréscimos até o quinto período
após o choque, explicando mais de 14% das variações da produção.
Estes resultados apontam para o fato da necessidade de um período de ajustamento para
que os produtores tomem a decisão de plantar ou não, com base no preço e na produtividade
passadas e/ou na perspectiva destas variáveis para a safra que será plantada. Preços favoráveis em
um ano tende a atrair os produtores para a cultura no ano seguinte, se a expectativa de preços
atraentes se manter.
A renda, por sua vez, tende a impactar o consumo de fibra de forma intensa apenas se
sofrer um choque expressivo e isso não ocorreu nos últimos anos. Após um crescimento
satisfatório do consumo interno até início da década de 1990, aparentemente puxado pelo
acréscimo na renda, na segunda metade do período o comportamento foi mais estável, não
acompanhando o acréscimo da renda (Figura 24). Este foi o período em que o algodão em pluma
teve sua participação reduzida consumo total de fibras, conforme analisado na seção 2.
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