A reestruturação da cotonicultura no Brasil - Cepea - USP
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importações foi influenciado pela ação conjunta de fatores: a) abertura comercial efetiva a partir<br />
de 1990; b) retoma<strong>da</strong> dos fluxos internacionais de capital em direção ao <strong>Brasil</strong>, favorecendo a<br />
expansão <strong>da</strong>s importações, inclusive as financia<strong>da</strong>s; e, c) valorização cambial, especialmente a<br />
partir do pla<strong>no</strong> real. A resposta do setor, <strong>no</strong> entanto, na forma de expressivo crescimento <strong>da</strong><br />
produtivi<strong>da</strong>de, permitiu superar – em parte ao me<strong>no</strong>s – essas adversi<strong>da</strong>des, recompondo a<br />
inserção do setor <strong>no</strong> mercado internacional, agora na forma de exportador de pluma.<br />
4.2.3 O impacto <strong>da</strong> abertura comercial sobre as cooperativas e algodoeiras<br />
Nesta seção, algumas considerações sobre a comercialização do algodão se fazem<br />
necessárias, <strong>no</strong> intuito de entender como o ambiente institucional influenciou o setor produtivo,<br />
através <strong>da</strong>s cooperativas, muitas <strong>da</strong>s quais possuíam algodoeiras para beneficiamento. Até ocorrer<br />
a <strong>reestruturação</strong> <strong>da</strong> cadeia produtiva do algodão brasileiro, corroborado pela sua expansão em<br />
áreas <strong>no</strong>vas, como <strong>no</strong> Centro-Oeste e a Bahia, a estrutura de comercialização que vigorava era<br />
diferente <strong>da</strong> maioria dos países produtores. Em alguns países, como os EUA, México, Peru,<br />
países <strong>da</strong> América Central, Egito, Índia, Mali, Paquistão, Tanzânia e Uzbequistão, os<br />
maquinistas, ou algodoeiras, são prestadores de serviços de beneficiamento ao produtor,<br />
recebendo a matéria-prima em caroço, extraindo a fibra e entregando o produto enfar<strong>da</strong>do para<br />
ser comercializado posteriormente pelo próprio produtor (GILLHAM et al., 1995).<br />
No <strong>Brasil</strong>, desde a origem <strong>da</strong> <strong>cotonicultura</strong> o que prevaleceu nas regiões tradicionais foi<br />
o sistema em que as algodoeiras, através <strong>da</strong>s cooperativas, adquiriam o produto do produtor,<br />
beneficiavam e vendiam às indústrias, constituindo um segundo elo <strong>da</strong> cadeia, e atuando como<br />
um intermediário entre produtor e indústria de fiação e de tecelagem. Esse sistema ganhou força<br />
devido à política de aju<strong>da</strong> à comercialização do Gover<strong>no</strong> Federal, uma vez que concedia aju<strong>da</strong><br />
apenas para o produto beneficiado, não possibilitando o acesso dos produtores. Ao mesmo tempo,<br />
muitas vezes as cooperativas, de caráter regional, <strong>da</strong>vam suporte técnico a pesquisas, visando ao<br />
aprimoramento de técnicas de produção de algodão e fios, beneficiamento etc.<br />
Com esta estrutura, a crise do setor passa a impactar expressivamente as algodoeiras.<br />
Segundo IEL, CNA e SEBRAE (2000), a junção <strong>da</strong>s facili<strong>da</strong>des de financiamento exter<strong>no</strong> <strong>da</strong><br />
fibra importa<strong>da</strong> ao câmbio valorizado e aos subsídios concedidos na origem, sobretudo <strong>no</strong>s países<br />
desenvolvidos, como os EUA, conduziu à per<strong>da</strong> de capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s algodoeiras brasileiras de<br />
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