D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...
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presente e o presente do futuro. Por que presentes? No que consiste o futuro e o<br />
passado senão na espera e na memória, que serão sempre recuperações do e no<br />
presente?<br />
A partir da idéia de tríplice presente, Ricoeur vai adiante nas colocações de<br />
Agostinho. Para este não havia a possibilidade de se medir o tempo através das<br />
grandes luminárias - os astros. Afinal, o movimento dos astros poderia parar e o<br />
tempo continuaria, mas onde continuaria o tempo? Na alma. E somente a distentio e<br />
a intentio podem oferecer uma extensão à alma, são ambas que trabalham na<br />
passagem do futuro para o presente e sua seqüência para o passado. Isso faz com<br />
que o tempo em Agostinho seja sobretudo psicológico. E o que Ricoeur extrai de<br />
mais precioso na questão da medição do tempo é: "O achado inestimável de Santo<br />
Agostinho, reduzindo a extensão do tempo à distensão da alma, é o de ter ligado<br />
essa distensão à falha que não cessa de se insinuar no coração do tríplice presente:<br />
entre o presente do futuro, o presente do passado e o presente do presente. Assim,<br />
ele vê a discordância nascer e renascer da própria concordância entre os desígnios<br />
da expectativa, da atenção e da memória.'' (RICOEUR, 1994, p. 41).<br />
Ainda no Livro XI, das Confissões, é apresentada a discussão da eternidade,<br />
que aqui interessa sobremaneira. Na eternidade é sempre presente, logo não há<br />
passado nem futuro. Adiante, Ricoeur comparará a eternidade em Agostinho com o<br />
ser-para-a-morte, de Heidegger, que nada mais é do que o ser para o futuro, e<br />
demonstrará a pouca diferença que há entre ambos. Afinal, um "lugar" onde tudo<br />
permanece sempre presente, sempre igual, onde nada muda de fato é precisamente<br />
como um "lugar" onde não se é mais, onde nada mais há.<br />
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