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D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

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insiste, nem alma, nem movimento. A alma não produz a extensão do tempo e o<br />

movimento não forma a dialética do triplo presente.<br />

Prosseguindo nessa linha de raciocínio, que vai na direção de que a narrativa<br />

seria uma espécie de réplica ao caráter aporético da temporalidade, há um capítulo<br />

dedicado a Husserl e a Kant. Sempre com inversões cronológicas, principia-se com<br />

Husserl, cujo desejo maior seria o de fazer aparecer o tempo.<br />

Na opinião de Ricoeur, os dois grandes momentos da fenomenología<br />

husserliana seriam o do fenômeno da retenção e a distinção entre retenção e<br />

relembrança. A retenção indica um presente ampliado, isto é, não há um presente<br />

pontual, mas sim uma idéia de presente que se estende longitudinalmente,<br />

abraçando inclusive o próprio presente pontual como "ponto-fonte" e um passado<br />

recente ou um quase-presente.<br />

Husserl trabalha também com a idéia de modificação, que adiante será<br />

retomada no estudo sobre Noli. Para o filósofo, no caso da memória primária, a da<br />

retenção, a modificação precede a negação e comprova isso na linguagem através<br />

do verbo ser, quando é possível a aura positiva transpassando: é, era e será. A<br />

questão da modificação interessa sobremaneira principalmente por causa de um<br />

personagem em A céu aberto que se transforma de irmão-homem em mulher do<br />

narrador-protagonista. Porém esse personagem mutante não perde seu cheiro de<br />

homem, por exemplo, que continua a exalar pela casa onde vive.<br />

Enquanto a retenção seria esse presente ampliado que incluiria o passado<br />

recente, a relembrança iria mais longe, iria ao passado distante. Dessa maneira<br />

talvez seja possível afirmar que a retenção é um ainda, ao passo que a relembrança<br />

é o que já não é - por mais paradoxal que essa afirmativa possa soar. Ricoeur tem<br />

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