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D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

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O próximo capítulo desta seção é dedicado ao Heidegger de Ser e tempo e<br />

pretende demover parte das aporias apresentadas. Heidegger consegue estabelecer<br />

uma certa harmonia entre o tempo da alma e o tempo do mundo. Claro que haverá<br />

uma revisão ampla em relação aos filósofos já apresentados, inclusive no<br />

vocabulário utilizado e nas suas mais diversas nuances de significado. O fato é que<br />

a analítica existencial estabelece uma relação minimamente dialética entre o ser-aí e<br />

o mundo, configurada plenamente na expressão ser-no-mundo. Temas como o da<br />

visibilidade e invisibilidade do tempo, caros a Husserl e Kant, também são tratados.<br />

Ricoeur está entusiasmado com o filósofo alemão:<br />

Devemos a Heidegger três admiráveis descobertas: de acordo com a primeira, a questão do<br />

tempo como totalidade é envolvida, de uma maneira que permanece a explicitar, na estrutura<br />

fundamental do Cuidado. De acordo com a segunda, a unidade das três dimensões do tempo<br />

- futuro, passado, presente - é uma unidade ek-stática, em que a exteriorização mútua das<br />

ek-stases procede de sua própria implicação. Por fim, o desdobramento dessa unidade ekstática<br />

revela, por sua vez, uma constituição do tempo que diríamos folheada, uma<br />

hierarquização de níveis de temporalização que requer denominações distintas:<br />

temporalidade, historialidade, intratemporalidade. (RICOEUR, 1997, p. 110)<br />

Existem alguns aspectos muito distantes entre Agostinho e Heidegger.<br />

Enquanto o primeiro fazia a apologia do presente, Heidegger faz a do futuro, para<br />

ele o presente não poderia assumir a função de articulador entre memória e<br />

expectativa pelo simples fato de que o objeto do cuidado presente, isto é, da<br />

preocupação do ser, se dá com ele mesmo a partir dos seres dados e manejáveis.<br />

Heidegger concentra seus esforços, ao menos inicialmente, no futuro, porque para<br />

ele todo o ser é ser-para-o-fim, ou melhor, é ser-para-a-morte, no sentido de que é<br />

assim que todo o ser encontra a sua totalidade. Ricoeur não se agrada muito<br />

quando o filósofo alemão trata o ser-para-a-morte como a possibilidade mais<br />

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