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D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

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Será Harald Weinrich quem tocará num ponto fundamental para que haja uma<br />

reflexão séria a respeito do papel do presente, recurso bastante recorrente na obra<br />

de Noli:<br />

Rompendo desse modo com o privilégio exclusivo da frase, Weinrich pretende aplicar a<br />

perspectiva estrutural a uma "lingüística textual". Assim, dá-se margem para fazer com que o<br />

valor de posição de um tempo na nomenclatura e a distribuição dos tempos ao iongo de um<br />

texto sejam equivalentes. É essa passagem do ponto de vista paradigmático ao ponto de<br />

vista sintagmático que é o ensinamento mais rico para um estudo do tempo na ficção, na<br />

medida em que também esta adota como unidade de medida o texto e não a frase.<br />

(RICOEUR, 1995, p. 117)<br />

Na verdade, existe uma insistência na obra do escritor gaúcho em torno do<br />

tempo presente, mais em alguns livros e menos em outros. Porém, é impossível<br />

negar que o presente não se sustenta o tempo todo e o que acaba ocorrendo com<br />

maior freqüência são os tradicionais tempos da narrativa citados por Benveniste. A<br />

observação de Weinrich faz pensar que talvez o presente em Noll de fato não exista,<br />

mas isso é assunto para capítulo posterior.<br />

Weinrich se situa a partir de um teoria da comunicação, o que faz com que ele<br />

veja de um lado o autor e do outro o leitor numa situação de troca. O locutor no<br />

momento da narrativa, quando pode jogar com diversas possibilidades temporais,<br />

constrói a recepção que deseja para sua história. Ainda para Weinrich, segundo o<br />

filósofo francês:<br />

Ô que as gramáticas chamam o pretérito perfeito e o imperfeito (que logo oporemos em<br />

função da enfatização) são tempos da narrativa, não porque a narrativa exprime<br />

fundamentalmente eventos passados, reais ou fictícios, mas porque esses tempos orientam<br />

para uma atitude de distensão. O essencial é que o mundo contado seja estranho ao<br />

ambiente direto e imediatamente preocupante do locutor e do ouvinte. (RICOEUR, 1995, p.<br />

120)<br />

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