27.04.2013 Views

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Há uma tendência contemporânea de que o autor desfaça a obra e<br />

conseqüentemente o leitor se encarregaria de refazê-la. No entanto, para que esse<br />

projeto possa se completar, é fundamental que o autor não abra mão das<br />

convenções do jogo ficcional. Ora, se nessa medida o texto literário nada mais é do<br />

que uma série de instruções a serem seguidas pelo leitor, não é desejável que<br />

cessem. Na verdade, o autor precisa aumentar seu potencial criativo para<br />

estabelecer instruções novas e mais ardilosas. O mesmo vale para o tempo:<br />

Uma coisa é a rejeição da cronologia; outra, a recusa de qualquer princípio substantivo de<br />

configuração: não é pensável que a narrativa possa dispensar qualquer configuração. O<br />

tempo do romance pode romper com o tempo real: é a própria lei da entrada na ficção. Mas<br />

ele não pode deixar de configurá-lo segundo novas normas de organização temporal que<br />

sejam ainda percebidas pelo leitor como temporais, graças às novas expectativas relativas ao<br />

tempo da ficção que exploraremos na quarta parte. Acreditar que se terminou com o tempo<br />

da ficção, porque se perturbou, desarticulou, inverteu, interpenetrou, reduplicou as<br />

modalidades temporais às quais os paradigmas do romance "convencional 0 nos<br />

familiarizaram, è acreditar que o único tempo concebível seja precisamente o tempo<br />

cronológico. (RICOEUR, 1995, p. 41)<br />

Se há aceitação pela inovação, o mesmo não se pode dizer do absolutamente<br />

novo, do original, que, na verdade, seria impossível, na medida em que tudo provém<br />

de algo, nada vem de nada. O pensamento é encerrado com uma menção primorosa<br />

de E. H. Gombrich: "The innocent eye sees nothing". É preciso estar um pouco<br />

"poluído" de mundo para poder percebê-lo, daí a força do antes - mimese I - e do<br />

depois - mímese Kl - do texto.<br />

Ricoeur soma-se a Eric Weil no que se refere ao discurso coerente. Para<br />

ambos, a falta desse discurso implica no fim da narrativa.<br />

O próximo capítulo de Tempo e narrativa, tomo II, será dedicado à semiótica,<br />

mais precisamente à recuperação da investigação semiótica através de Propp,<br />

Greimas e outros. Visto esse capítulo não apresentar nenhum interesse especial<br />

22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!