D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...
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torna-se tempo humano na medida em que é articulado de um modo narrativo, e que a<br />
narrativa atinge seu pleno significado quando se torna uma condição da existência temporal.<br />
(RICOEUR, 1994, p. 85)<br />
Na verdade, isso é exatamente o mesmo que já havia sido mencionado na<br />
Introdução do filósofo francês. E o que faz com que duas citações tão semelhantes<br />
apareçam em dois momentos é o fato da importância que isso tem no trabalho de<br />
Ricoeur. Mas não é só esse o caso: inclusive no trabalho que ora desenvolvo de<br />
análise do romance de João Gilberto Noll, chamo a atenção para a vastidão em que<br />
se insere a teoria do pensador francês. Não há, de modo algum, um modelo restrito<br />
e fechado no qual se pretenda inserir um número privilegiado de textos "corretos" ou<br />
eleitos. A questão está muito longe de se inserir no plano dos modelos. O que se vê<br />
é um teórico disposto a discutir o que para ele é a essência da narrativa, ou seja, o<br />
tempo.<br />
Mimese I nada mais é do que o antes do texto, isto é, tudo aquilo que é<br />
necessário e fundamental se apreender do mundo para que seja possível<br />
compreendê-lo minimamente e isso no que se refere às suas "estruturas inteligíveis",<br />
"fontes simbólicas" e ao seu "caráter temporal". Ou seja, é necessário uma<br />
capacidade de identificar uma ação para que no momento seguinte - mimese II -<br />
possa fazer qualquer sentido a representação da ação no âmbito da narrativa. Além<br />
da identificação da ação, também é necessária uma percepção das "mediações<br />
simbólicas": os gestos, as palavras, os rituais sociais precisam ser conhecidos para<br />
que sejam compreendidos. E, finalmente, os caracteres temporais que estão no bojo<br />
dessas mediações simbólicas. Tudo isso é dito numa frase simples: "Compreender<br />
uma história é compreender ao mesmo tempo a linguagem do 'fazer' e a tradição<br />
cultural da qual procede a tipologia das intrigas." (RICOEUR, 1994, p. 91).<br />
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