27.04.2013 Views

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

do esquecimento para o olvido, ninguém espera o surgimento nem o apagamento deles [...]<br />

(NOLL, 1996, p. 100)<br />

Há muito dos seres criados pelo escritor gaúcho nessa citação, gente sem<br />

sentido, sem direção, vagando como condição vital.<br />

Todos esses seres errantes reforçam a idéia de presente constante na obra<br />

de Noll, pois mesmo nos textos em que há distanciamento entre tempo do contar e<br />

tempo contado ele é mínimo e é freqüente o uso de cenas no presente. Por outro<br />

lado, a errância também pode ser vista como eterna, no sentido de que nunca<br />

cessa, nunca acaba.<br />

Há que se lembrar de Aristóteles e Agostinho ao se pensar nesses<br />

personagens que não cessam de buscar qualquer coisa sobre a qual nem eles<br />

mesmos poderiam informar o que seja. Para o filósofo grego, conforme exposto por<br />

Ricoeur, o tempo é medido através do movimento. Ora, esses seres em trânsito<br />

marcam a passagem do tempo. Da mesma forma que esse registro é feito por um<br />

processo de envelhecimento, de arruinamento progressivo. E é no interior desses<br />

personagens agónicos que a ruína se estabelece - para pensar em Agostinho, para<br />

quem o tempo é medido pela alma.<br />

4.3 NOME NÃO<br />

Tecendo comentários sobre a Poética, Ricoeur diz:<br />

[...] o possível, o geral não devem ser buscados alhures, senão na disposição dos fatos,<br />

posto que é esse encadeamento que deve ser necessário ou verossímil. Em suma, é a intriga<br />

que deve ser típica. Compreende-se de novo por que a ação tem primazia sobre os<br />

personagens: é a universalização da intriga que universaliza os personagens, mesmo quando<br />

eles conservam um nome próprio. Donde o preceito: conceber primeiro a intriga, em seguida<br />

dar nomes. (RICOEUR, 1994, p. 69)<br />

62

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!