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D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

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Após Agostinho será na Poética de Aristóteles que a discussão se deterá.<br />

Enquanto o primeiro padecia sob "a coerção existencial da discordância", o segundo,<br />

vive o triunfo da concordância. A tradução dada para a expressão muthos é tessitura<br />

da intriga, isto é, disposição dos fatos, daí o caráter de concordância em que se<br />

insere a Poética. A palavra mímese também tem sua própria interpretação:<br />

A poética é, assim, identificada, sem outra forma de processo, à arte de "compor as intrigas".<br />

A mesma marca deve ser conservada na tradução de mímese: quer se diga imitação, quer<br />

representação (com os últimos tradutores franceses), o que é preciso entender é a atividade<br />

mimética, o processo ativo de imitar ou de representar. E preciso, pois, entender a imitação<br />

ou representação no seu sentido dinâmico de produzir a representação, transposição em<br />

obras representativas. (RICOEUR, 1994, p. 58)<br />

Isto é, não é possível identificar mimese com cópia ou réplica, é a produção<br />

dos fatos que a caracteriza, ou seja, a própria tessitura da intriga.<br />

Apesar da apresentação inicial de Aristóteles como o marco da concordância<br />

e de Agostinho como o da discordância, há uma alteração radical nesse raciocínio.<br />

Os incidentes aterrorizantes e lamentáveis constituem o maior problema para a<br />

coerência da intriga. Ricoeur passa então a se utilizar do termo concordância<br />

discordante, que nada mais é do que o efeito surpresa, e diz ainda: "O lamentável e<br />

o aterrorizante são qualidades estritamente ligadas às mudanças de sorte mais<br />

inesperadas e orientadas para a infelicidade. São esses incidentes discordantes que<br />

a intriga tende a tornar necessários e verossímeis" (RICOEUR, 1994, p. 74). Ou<br />

seja, a discordância, representante do impossível e do improvável, alia-se à<br />

concordância, representante logicamente do possível e do provável. Não é prudente<br />

esquecer que o que é provável ou improvável na vida não está completamente<br />

condicionado às mesmas regras na narrativa, ou seja, o improvável, por exemplo,<br />

pode ser desejável. E o que então relacionaria a mimese com a vida?<br />

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