27.04.2013 Views

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Aristóteles confia muito mais nas interpretações de seus antepassados, para<br />

quem o tempo è algo do movimento e estaria assim "antes" da alma, ou seja, o<br />

tempo é antes que a alma o perceba enquanto tal. Na verdade, o filósofo grego não<br />

chegava a mencionar objetivamente a alma, mas somente ela poderia perceber o<br />

tempo. Ricoeur insiste:<br />

[...] é preciso escutar, vinda de mais longe do que Platão, a invencível palavra que, antes de<br />

toda a nossa filosofia e apesar de toda a nossa fenomenología da consciência do tempo,<br />

ensina que não produzimos o tempo, mas que ele nos rodeia, circunda e domina com sua<br />

temível potência: Como não pensar, aqui, no famoso fragmento de Anaximandro sobre o<br />

poder do tempo, no qual as alternâncias das gerações e das corrupções se vêem sujeitas à<br />

"ordem fixa do tempo"? (RlCÕEUR, 1997, p. 26)<br />

Fica muito claro ao final dessa discussão que nem Aristóteles e nem<br />

Agostinho são completamente persuasivos, em separado são incompletos. Um<br />

exemplo é de bom tom:<br />

Por um lado, numa perspectiva aristotélica, os cortes pelos quais o espírito distingue dois<br />

instantes bastam para determinar um antes e um depois, graças unicamente à orientação do<br />

movimento de sua causa para o efeito; assim, posso dizer: o evento A precede o evento B e o<br />

evento B sucede o evento A, mas nem por isso posso afirmar que o evento A é passado e o<br />

evento B, futuro. Por outro lado, numa perspectiva agostiniana, só há futuro e passado<br />

relativamente a um presente, ou seja, a um instante qualificado pela enunciação que o<br />

designa. O passado só é anterior e o futuro só é posterior a um presente dotado da relação<br />

de sui-referência, atestada pelo ato mesmo de enunciação. Decorre daí que, na perspectiva<br />

agostiniana, o antes-depois, ou seja, a relação de sucessão, é estranho às noções de<br />

presente, de passado e de futuro, e, portanto, à dialética de intenção e de distensão inserida<br />

nessas noções. (RICOEUR, 1997, p. 29)<br />

È óbvio que Aristóteles leva em consideração o presente, o passado e o<br />

futuro, mas só na determinação do instante e do antes e depois. Enquanto para o<br />

filósofo grego é assim que se processam as coisas, para Agostinho o presente é a<br />

ponte referencial para memória (passado) e expectativa (futuro). É por isso que se<br />

31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!