D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...
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internado/preso numa clínica. Finalmente, A céu aberto repete a fórmula com um<br />
narrador enclausurado num navio durante anos. Todas essas reclusões são, no<br />
entanto, marcadas por vastos relatos, como a demonstrar que nem tempo nem<br />
narrativa necessitam de grandes horizontes para prosseguirem seus cursos.<br />
O mendigo de A fúria do corpo, após perder sua namorada Afrodite, que o<br />
troca por um surfista, entra num processo de debilidade tal que acaba indo parar<br />
numa enfermaria do INPS, espécie de porta da morte. Lá vê um velho que tenta<br />
roubar-lhe a vida pelos olhos e conhece um garoto traficante, imagem da vitalidade<br />
por sua juventude, ainda que completamente ferido por um espancamento que<br />
quase acabara com ele. O narrador-mendigo presencia a morte do velho e mais<br />
tarde verá o garoto traficante assassinado na polícia. Ou seja, esse exílio vivido na<br />
enfermaria do INPS está transpassado de morte.<br />
Em Hotel Atlântico o ex-ator tem uma perna amputada num hospital por um<br />
doutor que, ao que tudo indica, queria publicidade em torno do seu nome, pois<br />
desejava ser eleito para um cargo público. Uma pequena morte já se delineia na<br />
perda da perna. O narrador passa meses no hospital num estado físico<br />
absolutamente precário e com minguadas melhoras. Sua vida social fica restrita à<br />
filha do médico que o operara, inicialmente deslumbrada por ter um envolvimento<br />
com um ator de televisão, e ao enfermeiro Sebastião, com quem trava um<br />
relacionamento impressionantemente fraternal para o padrão da obra de Noli. O<br />
hospital dessa vez funciona como porta da morte do próprio narrador, que sucede<br />
logo após a sua saída.<br />
O banimento do convívio social do narrador de O quieto animal da esquina<br />
termina numa clínica. Lá o exílio é duplo, pois o narrador se abstrai de qualquer<br />
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