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D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

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Ricoeur também se ocupa da fusão entre narrador e personagem e afirma:<br />

"[...] a diferença entre o narrador e o personagem não é assinalada pela distinção<br />

dos pronomes pessoais: é, portanto, a outros sinais que é confiada a tarefa de<br />

distinguir o narrador e o personagem sob a identidade do eu gramatical." (RICOEUR,<br />

1995, p. 152). Essa questão chama muito a atenção principalmente se for<br />

considerado o fato de que não raro há uma fusão entre narrador e personagem na<br />

obra de Noll. Aliás, arrisco dizer que a fusão se processa inclusive entre tempo do<br />

contar e tempo contado: mais um personagem-narrador do que um narrador-<br />

personagem.<br />

A diferenciação entre ponto de vista e voz merece algumas páginas em<br />

Tempo e narrativa. O ponto de vista coordena a direção do olhar do narrador e dos<br />

personagens entre si, segundo a tipologia de Uspenski. No entanto, quando se<br />

pensa no plano ideológico, isto é, no de visão de mundo, ponto de vista e voz<br />

tornam-se sinônimos. Qual a diferença então?<br />

Essa categoria literária [a da voz narrativa] não poderia ser eliminada pela de ponto de vista<br />

na medida em que é inseparável da categoria inexpugnável do narrador como projeção<br />

fictícia do autor real no próprio texto. Ora, se o ponto de vista pode ser definido sem recurso a<br />

uma metáfora personalizante como lugar de origem, orientação, ângulo de abertura de uma<br />

fonte de luz que, ao mesmo tempo, ilumina seu tema e capta seus traços, o narrador - locutor<br />

da voz narrativa - não pode liberar-se, no mesmo grau, de toda e qualquer metáfora<br />

personalizante, na medida em que é autor fictício do discurso. (RICOEUR, 1995, p. 158)<br />

Creio que dessa forma os limites que separam ponto de vista de voz vão se<br />

tornando mais nítidos. Na medida em que o ponto de vista é muito mais um lugar,<br />

uma direção de onde a narrativa flui, ele se despersonaliza. Ricoeur entra numa<br />

questão sobre a voz que poderá vir a ser extremamente útil adiante ao se tratar dos<br />

textos de Noli. A voz (ou as vozes) implica (m) em diferenças temporais. O narrador,<br />

autor ficcional da história, determina o presente através da enunciação - presente<br />

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