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D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

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lama, pode ser considerado o mesmo homem que saíra da cidade há mais de vinte<br />

anos.<br />

Harmada começa com a presença de um garoto e termina com outro. Ambos<br />

podem ser vistos como recondutores à infância, à casa, à origem e, claro, ao<br />

passado. O último garoto leva o narrador a Pedro Harmada, o fundador da cidade.<br />

No entanto, há de se dizer que esse não é reconhecido e o constrangimento<br />

causado pelo encontro inusitado deixa isso claro:<br />

Da boca não me saía palavra. Eu parecia ter me contaminado pelo silêncio do garoto.<br />

- Sim? - o homem perguntou mais uma vez.<br />

Eu e o garoto nos olhamos. Percebi que dele não viria socorro que me pudesse mostrar o<br />

que pensar, dizer.<br />

- Sim, sou Pedro Harmada - o homem falou abrindo mais a porta. (NOLL, 1993, p. 126)<br />

Novamente um narrador - como em A céu aberto - que tem dificuldade em se<br />

identificar com o próprio povo, com a própria comunidade, ainda que seja capaz de<br />

recuperar sua história:<br />

Levanto as mãos com vontade. Inicio os sinais: conto para o garoto que hoje é o<br />

aniversário de Harmada.<br />

É a data em que um homem chega de barco numa praia.<br />

Este homem vem de uma guerra ferido num dos braços.<br />

Ele sai do barco segurando o braço ferido e cai de joelhos. Gotas de sangue na areia.<br />

Ele pensa: nestas terras daqui vou fundar uma cidade. Vou me unir à primeira mulher que<br />

encontrar, se for criança espero ela crescer para gerar comigo, é preciso apenas que seja<br />

uma mulher e que eu a pegue algum dia em idade de procriar.<br />

O sol era mais ou menos este de agora, a manhã ficando madura, e o homem olha para o<br />

alto, quase afoga a visão no sol. No ponto de perder o equilíbrio na vertigem dourada, ele se<br />

levanta.<br />

Eu sou Pedro Harmada, grita esperando que alguém o escute.<br />

Eu vou subir aquele morro, ele diz.<br />

E finca no topo do morro uma baioneta solta que lhe restou da guerra. (NOLL, 1993, pp.<br />

124-125)<br />

Como já foi dito anteriormente, A céu aberto constitui o melhor exemplo de<br />

autobiografia ficcional em Noli por conta do período temporal que abrange: da<br />

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