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D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

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Em suma, para que se possa falar de "deslocamento mimético", de "transposição" quase<br />

metafórica da ética à poética, é preciso conceber a atividade mimética como elo e não<br />

somente como ruptura. Ela é o próprio movimento de mímese I à mímese II. Se não é<br />

duvidoso que o termo muthos marque a descontinuidade, a própria palavra praxis, por sua<br />

dupla obediência, assegura a continuidade entre os dois regimes, ético e poético, da ação.<br />

(RICOEUR, 1994, p. 79)<br />

O próprio Ricoeur dá um exemplo em que praxis pode ser perfeitamente<br />

apreciada como esse elo:<br />

Mas o pertencer do termo praxis ao mesmo tempo ao campo do real, a cargo da ética, e ao<br />

campo do imaginário, a cargo da poética, sugere que a mímese não tem somente uma função<br />

de ruptura, mas de ligação, que estabelece precisamente o estatuto de transposição<br />

"metafórica" do campo prático pelo muthos. Se é mesmo assim, é preciso preservar no<br />

próprio significado do termo mímese uma referência ao que precede a composição poética.<br />

Chamo essa referência de mímese I, para distingui-la de mímese II - a m/mese-criação - que<br />

permanece a função-pivô. (RICOEUR, 1994, p. 77)<br />

Ricoeur chama a atenção para um esboço de mimese III, que seria sobretudo<br />

condicionado à recepção do leitor, contido na Poética-, a presença do impossível, do<br />

discordante, só é tolerável - e até desejável - por causa do persuasivo. O verossímil<br />

não é aquilo que parece real, mas, sim, aquilo que é coerente com o disposto na<br />

tessitura da intriga. Os efeitos do impossível se fazem sentir sobretudo na catharsis,<br />

construída pela disposição dos fatos e recebida em cheio pelo leitor.<br />

Primeiramente citei de forma rápida mimese I, II e III. Mas somente agora<br />

farei uma explanação mais lógica a respeito dessa divisão. Após as observações<br />

feitas sobre Agostinho e Aristóteles, o filósofo francês parte para a união do tempo<br />

com a tessitura da intriga, que não por acaso é chamada de "A tríplice mimese":<br />

É chegado o momento de ligar os dois estudos independentes que precedem e de pôr à<br />

prova minha hipótese de base, a saber, que existe entre a atividade de narrar uma história e<br />

o caráter temporal da experiência humana uma correlação que não é puramente acidental,<br />

mas apresenta uma forma de necessidade transcultural. Ou, em outras palavras: que o tempo<br />

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