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D - SANTOS, JOSALBA FABIANA DOS.pdf - Universidade Federal ...

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numa representação suprema da impossibilidade de recuperação de algo que já<br />

acabou, que já passou. Finalmente, o personagem parece se adequar com<br />

tranqüilidade a ausência do pai-passado: "Se o meu pai estava vivo ou não, a quem<br />

poderia verdadeiramente preocupar se não a ele próprio? E senti como que um<br />

grande amor pelo abandono de cada um." (NOLL, 1990, p. 93).<br />

Harmada é um texto que se constitui de forma bastante diversa de A fúria do<br />

corpo, por exemplo. Mesmo que ambas as narrativas se emoldurem dentro do tempo<br />

presente, suas relações com o passado são bastante distintas. O imediato é muito<br />

forte em Harmada, todavia, trata-se de um romance que se volta sobre as origens,<br />

sobre a fundação, como deixa claro Flora Süssekind na resenha crítica constante na<br />

orelha de capa da edição aqui trabalhada.<br />

Na verdade, são duas histórias que correm em paralelo: a da origem do povo<br />

de Harmada, a capital de um país ficcional, e a da origem do protagonista, envolto<br />

num passado ligado com o teatro que é abandonado aparentemente e então<br />

retomado no final do texto e de certa forma no final da vida, visto que muitos anos se<br />

passaram. Disse que o teatro é só aparentemente abandonado em função do<br />

enorme número de cenas em que o narrador desenvolve ações performáticas no<br />

transcorrer de toda a narrativa, sua atitude de contador de histórias no asilo é um<br />

exemplo.<br />

Em Harmada se mantém esse gesto de repulsa em relação ao passado, no<br />

entanto, há uma invasão constante das coisas que se passaram na vida do<br />

personagem-narrador. O que mais salta aos olhos é sem dúvida o lado artístico, o da<br />

representação, mas não é só, a relação com Cris, filha de Amanda, também uma<br />

atriz, corrobora com essa afirmação. O protagonista conhece Cris bebê e depois a<br />

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