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Partiremos do mosaico de Formações Discursivas (FD), onde a FD dominante é<br />
a da própria publicidade e, através do recorte proposto, poderemos identificar<br />
atravessamentos de outros sentidos, como os vindos dos contos de fadas, das fábulas, do<br />
âmbito social, legal, educacional, moral e, principalmente, os sentidos da mídia.<br />
O pretenso caráter inaugural deste estudo é argumentado pela própria<br />
característica da AD, ou seja: a Análise de Discurso parte de um recorte feito no corpus,<br />
resultante de um dispositivo analítico, sempre particular. Desta forma, não se trata de uma<br />
disciplina que parte de modelos pré-estabelecidos e que, ao se partir para a análise, bastaria<br />
aplicá-los ao recorte. Pensar em modelos pré-estabelecidos, feitos para serem<br />
disponibilizados para uma adaptação em um sistema de análise, é pensar na relação direta<br />
com a linguagem. Ou seja, para a AD a linguagem é opaca e não transparente. Por esta<br />
característica é que o analista não pode receber um modelo prévio para aplicar em sua<br />
análise. E também é por esta razão que os recortes de um mesmo corpus são sempre<br />
diferentes (diferente de analista para analista e, também, diferente quando um mesmo<br />
analista trabalha com ele em situações históricas distintas). Esse grau particular da AD pode<br />
ser explicado através das palavras de Orlandi, em seu livro Discurso e Texto, que<br />
reproduzimos em um trecho a seguir:<br />
13<br />
Do ponto de vista metodológico, demarcando-se da Hermenêutica e da<br />
Análise de Conteúdo, de um lado e da análise Lingüística estrita de outro,<br />
a escrita da Análise de Discurso enfrenta o árduo embate com a<br />
interpretação. Tenho explicitado essa posição dizendo que a Análise de<br />
Discurso trabalha (n)os limites da interpretação. Mais fundamente, e este é<br />
um ganho particular de minha reflexão, separando (e articulando) o que é<br />
Dispositivo Teórico e o que é Dispositivo Analítico da interpretação,<br />
posso afirmar que a Análise de Discurso não interpreta os <strong>texto</strong>s que<br />
analisa mas sim os resultados da análise de que esses <strong>texto</strong>s constituem o<br />
corpus. (2001, p. 36)<br />
Assim, os resultados da análise de que fala Orlandi são ligados ao tripé<br />
(linguagem, ideologia e história) que dá o movimento, ou seja, que não torna o material