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texto - Unisul

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Pensemos o sujeito como sendo um poço de contradições. Ou seja, que vive em<br />

diversos campos de batalha, pulando em troca de pés. Pois bem, por um lado, pensa-se livre<br />

e dono de seu próprio discurso, digno de aplausos pela “originalidade” como constrói o<br />

“seu” dizer. Por outro, assujeitado, ditado por dizeres de outros, desiludido com a falta que<br />

sofre em não poder ser (original). É claro que este é um quadro duro, mesmo porque o<br />

sujeito, como já falamos acima, é constituído pelo esquecimento. E, novamente, voltamos à<br />

questão crucial para esta compreensão, que é a de que o sujeito, através dos esquecimentos,<br />

é afetado pelo dizer que acredita ser seu, que lhe garanta uma autoria, um teor fundador nos<br />

seus dizeres.<br />

19<br />

(...) uma forma-sujeito fragmentada abre espaço não só para os saberes de<br />

natureza semelhante, equivalente, isto é, para o parafrástico e o<br />

homogêneo, mas também cede lugar para os sentidos diferentes,<br />

divergentes, contraditórios, ou seja, para o polissêmico e o heterogêneo.<br />

Da convivência com o mesmo passa-se para a co-existência com o<br />

diferente e o divergente. E dessas diferenças e divergências surge uma<br />

formação discursiva heterogênea em seus saberes. (INDURSKY, 2000, p.<br />

76)<br />

Portanto, a heterogeneidade da formação discursiva e da forma-sujeito abre<br />

espaços para que outros saberes, de outras formações discursivas se instaurem. Partindo-se<br />

deste ponto em que os movimentos não são homogêneos, nem para o sujeito – que assume<br />

sua forma a partir de sua posição de identificação com a formação discursiva –, nem para a<br />

própria formação discursiva – que é atravessada pelo interdiscurso –, vemos que, então, há<br />

também heterogeneidade na própria formação ideológica.<br />

A ideologia é o movimento que caracteriza o sujeito do discurso: o sujeito<br />

“vive” seu assujeitamento, sem dar-se conta. O sujeito ancora-se em algo que já está posto,<br />

participa dos sentidos já determinados porque precisa sentir-se amparado por um mundo<br />

logicamente estabilizado. Voltaremos a este ponto, mas antes, faz-se necessário citar<br />

Althusser, que, em Aparelhos Ideológicos de Estado, articula o seguinte:

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