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É importante ressaltar que o processo de conscientização é<br />
potencializado pela crescente restrição econômica para as empresas que<br />
são “seguidoras tardias” dessas práticas.<br />
O que isso significa?<br />
É cada vez mais comum a inclusão de critérios de<br />
responsabilidade social e ambiental como parte das avaliações para o<br />
credenciamento em relacionamentos comerciais “business-to-business”<br />
mundialmente.<br />
Em muitos casos, em várias partes do mundo, empresas sem a<br />
certificação ISSO 14000 (de responsabilidade ambiental) não podem<br />
sequer participar de licitações ou concorrências para a venda de seus<br />
produtos e serviços. (p. 138)<br />
Sob este aspecto, notamos que a propaganda de cunho social é uma exigência<br />
mercadológica, e, esta, dependente de valores comerciais, portanto, econômicos. Ou seja, a<br />
empresa que quer continuar usufruindo privilégios comercias (tais como licitações e<br />
concorrências), deve “ajudar” a sociedade em seu lado mais precisado – numa relação de<br />
apadrinhamento de uma causa que justifique seu valor no mercado.<br />
Sob esta égide, a empresa que não atuar de forma social está fora do jogo<br />
mercadológico. Ainda sob este aspecto, Fábio Barbosa, presidente do Banco Real ABN-<br />
AMRO, justifica: “Não é possível ir bem quando o país vai mal” (idem, p. 137). Trocando<br />
em miúdos, uma empresa financeira não pode mesmo ir bem se não houver indivíduos<br />
capitalizados que a sustente. Esse parecer “pensar no país” nada mais é do que buscar nele,<br />
através da ajuda caridosa aos necessitados, o seu próprio provento. Portanto, a propaganda<br />
de cunho social faz parte do jogo capitalista, (em que o Estado entregou a bandeira de<br />
vários segmentos às empresas), mas, a forma de abordagem publicitária, que a divulga, é a<br />
da empresa cidadã, empresa que se preocupa com a sociedade.<br />
Pobreza crescente, desemprego, exclusão, violência, criminalidade,<br />
desespero, imobilidade social, legados de desesperança de pais para<br />
filhos, de geração para geração, incapacidade de intervenção do Estado na<br />
formulação e na orientação de políticas públicas fortes e eficazes nas<br />
áreas sociais e culturais, por ter cedido às corporações empresariais o<br />
salvo-conduto permanente da livre circulação de seus interesses focados