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termo, sujeito significa. 1) uma subjetividade livre: um centro de<br />
iniciativas, autor responsável por seus atos; 2) um ser subjugado,<br />
submetido a uma autoridade superior, desprovido de liberdade, a não ser a<br />
de livremente aceitar a sua submissão. Esta ultima conotação nos dá o<br />
sentido desta ambigüidade, que reflete o efeito que a produz: o indivíduo é<br />
interpelado como sujeito (livre) para livremente submeter-se às ordens do<br />
Sujeito, para aceitar, portanto (livremente) sua submissão. Os sujeitos se<br />
constituem pela sua sujeição. Por isso é que “caminham por si mesmos”<br />
(2003, p.103-104)<br />
Estaremos embasados, também, nos conceitos relativos aos dois esquecimentos<br />
– Esquecimento 1 e Esquecimento 2 – formulados por Pêcheux no seu Semântica e<br />
Discurso, para relacioná-los com o sentido do óbvio. O Esquecimento 1 se dá ao nível do<br />
inconsciente (o elementar), não percebido no nível da enunciação. É o funcionamento pleno<br />
da ideologia, ou seja, esquece-se o traço que vincula historicamente o sujeito à sua<br />
enunciação. Já o Esquecimento 2 se dá ao nível do pré-consciente, ao nível enunciativo,<br />
que tem a ver com a formulação. Ou seja, esquece-se que o dizer sempre poderia ser outro.<br />
Concordamos em chamar esquecimento n° 2 ao “esquecimento” pelo qual<br />
todo sujeito-falante “seleciona” no interior da formação discursiva que o<br />
domina, isto é, no sistema de enunciados, formas e seqüências que nela se<br />
encontram em relação de paráfrase – um enunciado, forma ou seqüência, e<br />
não um outro, que, no entanto, está no campo daquilo que poderia<br />
reformulá-lo na formação discursiva considerada.<br />
Por outro lado, apelamos para a noção de “sistema inconsciente” para<br />
caracterizar um outro “esquecimento”, o esquecimento n° 1, que dá conta<br />
do fato de que o sujeito-falante não pode, por definição, se encontrar no<br />
exterior da formação discursiva que o domina. Nesse sentido, o<br />
esquecimento n° 1 remetia, por uma analogia com o recalque<br />
inconsciente, a esse exterior, na medida em que – como vimos – esse<br />
exterior determina a formação discursiva em questão. (PÊCHEUX, 1988,<br />
pág. 173)<br />
Neste caso, podemos notar que o sujeito do discurso acredita que está<br />
inaugurando uma “nova forma de dizer”, sob o efeito dos esquecimentos a que está<br />
submetido. Além disso, por ser ideológico, social e histórico, o sujeito do discurso assume<br />
várias posições, pois perambula por diferentes formações discursivas. Não podemos nos