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dos monstros maus, que foi criado através da história nos contos infantis, cai por terra.<br />
Neste momento, surge uma característica primordial da publicidade: o apagamento<br />
histórico, ou seja, tudo o que fora contado, tudo o que fez parte da memória e do<br />
imaginário, é substituído pelo processo de uma nova colocação, um novo lugar. O<br />
resquício, talvez, desta maneira de construir uma formação imaginária, é relativo a questão<br />
primordial: nem os que eram tomados como maus são capazes de fazer tamanho mau às<br />
crianças; e, mais: o tipo de maldade colocada no anúncio (violência sexual) é tão<br />
inconcebível, que faz com que os próprios monstros saiam das histórias que os colocavam<br />
como assustadores, para defender as crianças humanas.<br />
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Repetição e deslocamento. Paráfrase e metáfora. Às margens do <strong>texto</strong>,<br />
<strong>texto</strong>s fantasmas diluem as bordas da textualização, seus limites. Desse<br />
ponto de vista, um mesmo <strong>texto</strong>, imaginado, volta sempre, fazendo seu<br />
retorno em várias retomadas por um sujeito autor que trabalha diferentes<br />
formulações (versões) em uma história inacabada das diferentes<br />
textualizações possíveis. (ORLANDI, 2001, p. 96)<br />
A característica de inversão de sentido deste anúncio, através da inversão dos<br />
papéis dos monstrinhos maus em monstrinhos bons, é o que nos interessa em um nível<br />
discursivo. O acontecimento inédito desta nova maneira de abordar os monstros, traduz-se<br />
de forma a exercer o efeito de naturalidade, de transparência e de clareza.<br />
(...) O “simulacro” seria, pois, a expressão contemporânea mais<br />
acabada da ideologia: nele, todas as mediações são dissolvidas e o dado é<br />
apresentado como imediato.<br />
No caso da informação midiática, é justamente isso o que ocorre:<br />
os dados sobre um determinado fenômeno são transmitidos,<br />
desvinculados do con<strong>texto</strong> ou processo que o produziu, de forma<br />
absolutamente fragmentária, numa linguagem cada vez mais sintética e<br />
num espaço de tempo cada vez mais diminuto. Como resultado disso temse,<br />
(...) nesse aspecto, a veiculação de uma forma de linguagem que é, de<br />
fato, “neutralizadora do sentido e do significado” (...). (SEVERIANO,<br />
1999, p. 233).<br />
Em relação às legendas inscritas do lado das imagens dos monstrinhos, podemos<br />
dizer que elas podem ser consideradas, pela AD, uma questão como que relativa à