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antecipação. Neste caso, o sujeito determinado pela função-autor, antecipa para o leitor-<br />
virtual (constituído no próprio ato da escrita) que o tratamento da personalidade histórica<br />
dos monstrinhos não será o que sempre fora visto em suas histórias.<br />
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... segundo o mecanismo de antecipação, todo sujeito tem a capacidade de<br />
experimentar, ou melhor, de colocar-se no lugar em que o seu interlocutor<br />
“ouve” suas palavras. Ele antecipa-se assim a seu interlocutor quanto ao<br />
sentido que suas palavras produzem. Esse mecanismo regula a<br />
argumentação, de tal forma que o sujeito dirá de um modo, ou de outro,<br />
segundo o efeito que pensa produzir em seu ouvinte. (ORLANDI, 2001,<br />
p. 39).<br />
É neste momento que, através das legendas, que negam ser os monstrinhos os<br />
protagonistas da maldade inscrita na chamada, inicia o processo de re-personalização dos<br />
monstros das histórias infantis. Durante um ano, este será o conteúdo do discurso destes<br />
seres, que deixam de ser míticos para virarem justiceiros midiáticos, e servirem de<br />
exemplos (não mais exemplos maus) de bondade para a sociedade.<br />
A seguir, abaixo da imagem, segue o <strong>texto</strong> explicativo:<br />
TEXTO: São 65.700 casos de violência por ano. E, infelizmente, a maioria<br />
destes casos acorre dentro de casa: é violência doméstica. Números difíceis de aceitar?<br />
Pois são mais difíceis do que você imagina. A cada 8 horas uma criança é vítima de abuso<br />
sexual no Rio Grande do Sul. 90% destes casos são praticados por pessoas que as crianças<br />
confiam a amam. Todo mundo sabe: crianças procuram a família quando estão em perigo.<br />
Mas quando a família faz parte do perigo as crianças contam com quem? Conosco. Com<br />
você. Com todos nós. É por isso que a RBS está começando hoje uma campanha contra a<br />
violência em crianças e adolescentes. Todos nós precisamos cuidar de quem não pode se<br />
cuidar sozinho. Todos nós temos que transformar o País em uma terra de crianças com<br />
uma vida no mínimo digna. E, se possível, feliz.