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Estas questões levantadas acima fazem-nos perceber que na criação publicitária<br />
não há um só autor, como identificamos na arte, por exemplo. Como vimos, ela é uma<br />
criação coletiva, no sentido de que:<br />
1) não há traços de autoria individual nas peças, ou seja, no máximo,<br />
encontramos uma empresa que as assina através de uma logomarca, ou<br />
logotipo;<br />
2) como existe a empresa anunciante, a que assina a obra, o publicitário tem<br />
que se ater às informações do anunciante, refletida no briefing;<br />
3) o anunciante, por sua vez, atêm-se à opinião das pesquisas, responsáveis<br />
por coletar dados sobre os consumidores;<br />
4) e as pesquisas refletem o público ao qual foi destinada a buscar<br />
informações e tabulá-las.<br />
Portanto, podemos ver que a fonte de todo o discurso publicitário é o próprio<br />
consumidor (concebido através do leitor-virtual), também considerado parte desta autoria<br />
coletiva de que faz parte a empresa, os centros de pesquisa, a agência de comunicação e a<br />
mídia, como circuladora de informação e responsável por escoar a comunicação<br />
diretamente ao público-alvo.<br />
Desta forma, notamos a descentralização do sujeito nas marcas de uma<br />
pluralidade de vozes que fazem parte de um <strong>texto</strong> publicitário, evidenciando uma polifonia<br />
discursiva, com a somatória de outras vozes: a referência a outros discursos ali presentes e a<br />
presença do leitor-virtual. Conforme nos coloca Orlandi (1996, p. 190): (...) sobre o<br />
domínio do autor sobre o <strong>texto</strong>, podemos acrescentar que sua relatividade vem do fato de<br />
que o <strong>texto</strong> tem relação com outros <strong>texto</strong>s e com as condições em que se produz (...).<br />
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