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Com o desenvolvimento da questão levantada acima, veremos que a linguagem<br />
é feita para comunicar e não comunicar, resultando na inclusão ou na exclusão do outro. O<br />
viés da comunicação parte sempre do ponto de vista do outro para o qual comunicamos.<br />
Acontece que, na própria produção discursiva, há a inscrição do outro. Se<br />
pensarmos o campo da leitura, isso fica assim: a função-autor tem seu<br />
duplo no efeito-leitor. E isto está constituído na materialidade do <strong>texto</strong>.<br />
Não se pode falar do lugar do outro; no entanto, pelo mecanismo da<br />
antecipação, o sujeito-autor projeta-se imaginariamente no lugar em que o<br />
outro o espera com sua escuta e, assim, “guiado” por esse imaginário,<br />
constitui, na textualidade, um leitor virtual que lhe corresponde, como um<br />
seu duplo. (ORLANDI, 2001 pág 61)<br />
Desta forma, se pensarmos que a comunicação se faz a partir do imaginário do<br />
outro, podemos dizer que as duras denominações pragmáticas de emissor/receptor caem por<br />
terra na visão do analista do discurso. Para este, não há a separação do locutor, e de um<br />
outro porque, ao comunicar, o sujeito do discurso trabalha, simultaneamente, no campo<br />
simbólico, as projeções imaginárias do “o que o outro imagina que eu diga que eu imagino<br />
que ele compreenderá”, com base no interdiscurso. Portanto, não há a separação de “a” fala<br />
para “b”. Há, sim, a negociação entre as partes, há, à frente (melhor, antes dele) do<br />
enunciado a arquitetura moldada através do pré-construído, os sentidos (não ditos) que<br />
sustentam o dizer. Ou seja, há simultaneamente o lugar, o território do dizer e do não-dizer<br />
para os sujeitos.<br />
Abordaremos, também, segundo Eni Orlandi, a distinção entre <strong>texto</strong> e discurso<br />
e sua função na constituição da tipologia.<br />
As tipologias são elaboradas a partir de categorizações heterogêneas sobre<br />
o <strong>texto</strong> e são da ordem do discurso, ou seja, representam uma construção<br />
teórica. O conceito de funcionamento, entretanto, permite uma dinâmica,<br />
uma passagem entre conceitos, não os estagnando em uma relação<br />
unilateral: através da idéia de funcionamento (...) <strong>texto</strong> e discurso se<br />
determinam mutuamente, são interdependentes. Dessa forma, é possível<br />
procurar no <strong>texto</strong> o que faz com que ele funcione, e é essa sua qualidade<br />
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