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fundamentar. O caráter cíclico, portanto, assegura ainda mais o fechamento (portanto o<br />
“não aberto” à questionamentos) deste tipo de discurso.<br />
Aqui podemos retomar o conceito de função-autor através dos estudos de Eni<br />
Orlandi, em que os sujeitos diferenciam-se uns dos outros através da autoria, ou seja, que<br />
mesmo estando na mesma formação discursiva, o sujeito inscreve-se de maneira distinta<br />
quando está na função-autor: agregando o seu dizer, que deve fazer sentido, numa relação<br />
com a memória, a ideologia (o Outro) sem perder de vista o seu interlocutor (o outro), para<br />
o qual o dizer também deve fazer sentido:<br />
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O que caracteriza a autoria é a produção de um gesto de interpretação, ou<br />
seja, na função-autor o sujeito é responsável pelo sentido do que diz, em<br />
outras palavras, ele é responsável por uma formulação que faz sentido. O<br />
modo como ele faz isso é que caracteriza sua autoria. Como naquilo que<br />
lhe faz sentido, ele faz sentido. Como ele interpreta o que o interpreta.<br />
(ORLANDI, 1998, p. 97).<br />
Voltando ao nosso exemplo, no anúncio abordado, a função-autor está presente<br />
no sentido que, de forma narrativa, constrói a história de formulações através de um mote<br />
ideológico: a questão de que o tempo histórico da existência da empresa é uma marca de<br />
credibilidade, de tradição, e de, porque não dizer, sucesso. Ou seja, vencer a barreira do<br />
tempo é, ideologicamente, um fator que agrega uma série de qualidades que compõem o<br />
implícito: respeito, competência, seriedade, profissionalismo e por aí vai. “O implícito é o<br />
não-dito que se define em relação ao dizer” (Orlandi, 2002, p.106). Além disso, há um<br />
outro implícito, provindo das formações imaginárias (o-que-eu-vou-dizer-que-ele-quer-ler),<br />
ou seja, relativo ao leitor virtual, que proveio do efeito leitor: tudo isso que somos é<br />
pensando em você (leitor/consumidor).<br />
Há um leitor virtual inscrito no <strong>texto</strong>. Um leitor que é constituído no<br />
próprio ato da escrita. Em termos do que denominamos “formações