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Coletânea de Jurisprudência do STF em Temas Penais

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<strong>de</strong> sua particular condição social, funcional ou econômico-financeira.<br />

Presunções arbitrárias, construídas a partir <strong>de</strong> juízos meramente conjecturais,<br />

porque formuladas à marg<strong>em</strong> <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a jurídico, não po<strong>de</strong>m prevalecer sobre<br />

o princípio da liberda<strong>de</strong>, cuja precedência constitucional lhe confere posição<br />

<strong>em</strong>inente no <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> processo penal. (...) S<strong>em</strong> que se caracterize situação<br />

<strong>de</strong> real necessida<strong>de</strong>, não se legitima a privação cautelar da liberda<strong>de</strong> individual<br />

<strong>do</strong> indicia<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> réu. Ausentes razões <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, revela-se incabível,<br />

ante a sua excepcionalida<strong>de</strong>, a <strong>de</strong>cretação ou a subsistência da prisão<br />

preventiva. (...) A prerrogativa jurídica da liberda<strong>de</strong> – que possui extração<br />

constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) – não po<strong>de</strong> ser ofendida por<br />

interpretações <strong>do</strong>utrinárias ou jurispru<strong>de</strong>nciais, que, fundadas <strong>em</strong> preocupante<br />

discurso <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> autoritário, culminam por consagrar, para<strong>do</strong>xalmente, <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> direitos e garantias fundamentais proclama<strong>do</strong>s pela Constituição<br />

da República, a i<strong>de</strong>ologia da lei e da or<strong>de</strong>m. Mesmo que se trate <strong>de</strong> pessoa<br />

acusada da suposta prática <strong>de</strong> crime hedion<strong>do</strong>, e até que sobrevenha sentença<br />

penal con<strong>de</strong>natória irrecorrível, não se revela possível – por efeito <strong>de</strong><br />

insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) – presumir-lhe a<br />

culpabilida<strong>de</strong>. Ninguém po<strong>de</strong> ser trata<strong>do</strong> como culpa<strong>do</strong>, qualquer que seja a<br />

natureza <strong>do</strong> ilícito penal cuja prática lhe tenha si<strong>do</strong> atribuída, s<strong>em</strong> que exista, a<br />

esse respeito, <strong>de</strong>cisão judicial con<strong>de</strong>natória transitada <strong>em</strong> julga<strong>do</strong>. O princípio<br />

constitucional da presunção <strong>de</strong> inocência, <strong>em</strong> nosso sist<strong>em</strong>a jurídico, consagra,<br />

além <strong>de</strong> outras relevantes conseqüências, uma regra <strong>de</strong> tratamento que<br />

impe<strong>de</strong> o Po<strong>de</strong>r Público <strong>de</strong> agir e <strong>de</strong> se comportar, <strong>em</strong> relação ao suspeito, ao<br />

indicia<strong>do</strong>, ao <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong> ou ao réu, como se estes já houvess<strong>em</strong> si<strong>do</strong><br />

con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>finitivamente, por sentença <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário.” (HC 93.883,<br />

Rel. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, julgamento <strong>em</strong> 26-8-08, 2ª Turma, DJE <strong>de</strong> 27-3-09).<br />

No mesmo senti<strong>do</strong>: HC 92.098, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento <strong>em</strong> 4-8-<br />

09, 1ª Turma, DJE <strong>de</strong> 18-9-09.<br />

"Aos profissionais da advocacia é assegurada a prerrogativa <strong>de</strong> confinamento<br />

<strong>em</strong> Sala <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior, até o trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> <strong>de</strong> eventual sentença<br />

con<strong>de</strong>natória. Prerrogativa, essa, que não se reduz à prisão especial <strong>de</strong> que<br />

trata o art. 295 <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal. A prerrogativa <strong>de</strong> prisão <strong>em</strong> Sala<br />

<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior t<strong>em</strong> o escopo <strong>de</strong> mais garantidamente preservar a<br />

incolumida<strong>de</strong> física daqueles que, diuturnamente, se expõ<strong>em</strong> à ira e retaliações<br />

<strong>de</strong> pessoas eventualmente contrariadas com um labor advocatício <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

<strong>de</strong> contrapartes processuais e da própria Or<strong>de</strong>m Jurídica. A advocacia exibe<br />

uma dimensão coorporativa, é certo, mas s<strong>em</strong> prejuízo <strong>do</strong> seu compromisso<br />

institucional, que já é um compromisso com os valores que permeiam to<strong>do</strong> o<br />

Or<strong>de</strong>namento Jurídico brasileiro. A Sala <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong>-Maior se <strong>de</strong>fine por sua<br />

qualida<strong>de</strong> mesma <strong>de</strong> sala e não <strong>de</strong> cela ou ca<strong>de</strong>ia. Sala, essa, instalada no<br />

Coman<strong>do</strong> das Forças Armadas ou <strong>de</strong> outras instituições militares (Polícia<br />

Militar, Corpo <strong>de</strong> Bombeiros) e que <strong>em</strong> si mesma constitui tipo hetero<strong>do</strong>xo <strong>de</strong><br />

prisão, porque <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong> portas ou janelas com essa específica finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> encarceramento." (HC 91.089, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento <strong>em</strong> 4-9-<br />

07, 1ª Turma, DJ <strong>de</strong> 19-10-07)<br />

"O Esta<strong>do</strong>-M<strong>em</strong>bro, ainda que <strong>em</strong> norma constante <strong>de</strong> sua própria<br />

Constituição, não dispõe <strong>de</strong> competência para outorgar ao Governa<strong>do</strong>r a<br />

prerrogativa extraordinária da imunida<strong>de</strong> à prisão <strong>em</strong> flagrante, a prisão<br />

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