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Coletânea de Jurisprudência do STF em Temas Penais

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Tribunal Penal Internacional<br />

"O Tribunal Penal Internacional constitui organismo judiciário <strong>de</strong> caráter<br />

permanente, investi<strong>do</strong> <strong>de</strong> jurisdição penal que lhe confere po<strong>de</strong>r para processar<br />

e julgar aqueles que hajam pratica<strong>do</strong> (ou tenta<strong>do</strong> praticar) <strong>de</strong>litos impregna<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a gravida<strong>de</strong>, com repercussão e transcendência internacionais, como<br />

o são os crimes <strong>de</strong> genocídio, <strong>de</strong> guerra, <strong>de</strong> agressão e contra a humanida<strong>de</strong>.<br />

Essa Alta Corte judiciária, <strong>do</strong>tada <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência e <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> jurídica<br />

internacional (o que lhe permite celebrar acor<strong>do</strong>s e assumir direitos e<br />

obrigações com quaisquer outros sujeitos <strong>de</strong> direito internacional público,<br />

mesmo com aqueles que não sejam partes <strong>do</strong> Estatuto <strong>de</strong> Roma), qualifica-se<br />

como tribunal revesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> caráter supra-estatal (...), cuja competência penal –<br />

vinculada, materialmente, aos crimes referi<strong>do</strong>s no Artigo 5º <strong>de</strong>sse mesmo<br />

Estatuto – só po<strong>de</strong> ser legitimamente exercida, consi<strong>de</strong>rada a jurisdição<br />

<strong>do</strong>méstica <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s nacionais, com estrita observância <strong>do</strong> postula<strong>do</strong> da<br />

compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong> (ou da subsidiarieda<strong>de</strong>). (...) Impen<strong>de</strong> acentuar, ainda,<br />

ten<strong>do</strong>-se presente a perspectiva da autoria <strong>do</strong>s crimes submeti<strong>do</strong>s à<br />

competência jurisdicional <strong>do</strong> Tribunal Penal Internacional, que o Estatuto <strong>de</strong><br />

Roma submete, à jurisdição <strong>de</strong>ssa Alta Corte judiciária, qualquer pessoa que<br />

haja incidi<strong>do</strong> na prática <strong>de</strong> crimes <strong>de</strong> genocídio, <strong>de</strong> guerra, contra a<br />

humanida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> agressão, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> sua qualida<strong>de</strong> oficial<br />

(Artigo 27). Na realida<strong>de</strong>, o Estatuto <strong>de</strong> Roma, ao assim dispor, proclama a<br />

absoluta irrelevância da qualida<strong>de</strong> oficial <strong>do</strong> autor <strong>do</strong>s crimes submeti<strong>do</strong>s, por<br />

referida convenção multilateral, à esfera <strong>de</strong> jurisdição e competência <strong>do</strong><br />

Tribunal Penal Internacional. Isso significa, portanto, <strong>em</strong> face <strong>do</strong> que<br />

estabelece o Estatuto <strong>de</strong> Roma <strong>em</strong> seu Artigo 27, que a condição política <strong>de</strong><br />

Chefe <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> (...) não se qualifica como causa exclu<strong>de</strong>nte da<br />

responsabilida<strong>de</strong> penal <strong>do</strong> agente n<strong>em</strong> fator que legitime a redução da pena<br />

cominada aos crimes <strong>de</strong> genocídio, contra a humanida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> guerra e <strong>de</strong><br />

agressão. É <strong>de</strong> observar, neste ponto, que a cláusula <strong>de</strong> ‘irrelevância da<br />

qualida<strong>de</strong> oficial’ <strong>do</strong> autor <strong>de</strong> referi<strong>do</strong>s <strong>de</strong>litos, inscrita no Artigo 27 <strong>do</strong> Estatuto<br />

<strong>de</strong> Roma, põe <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque questão das mais expressivas, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o<br />

aspecto pertinente à <strong>de</strong>nominada imunida<strong>de</strong> soberana <strong>do</strong>s dignitários <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s nacionais (como os Chefes <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>de</strong> Governo, os Ministros <strong>de</strong><br />

Esta<strong>do</strong> e os m<strong>em</strong>bros <strong>do</strong> Congresso Nacional)." (Pet. 4.652, Rel. Min. Celso <strong>de</strong><br />

Mello, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 17-7-09, DJE <strong>de</strong> 4-8-09)<br />

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