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Coletânea de Jurisprudência do STF em Temas Penais

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inaplicáveis os benefícios <strong>do</strong> sursis ou da substituição da pena. Ora, não se<br />

<strong>de</strong>ve olvidar a lição <strong>de</strong> Fabiana Costa Oliveira Barreto , que ao tratar <strong>de</strong> casos<br />

<strong>de</strong> prisão provisória <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> furto, ressaltou: ‘os inúmeros casos <strong>de</strong><br />

pessoas que praticam furto no Brasil e que são presas, assim permanecen<strong>do</strong><br />

por vários meses, enquanto aguardam julgamento. Para<strong>do</strong>xalmente, quan<strong>do</strong><br />

essas pessoas são julgadas, suas sentenças resultam pre<strong>do</strong>minant<strong>em</strong>ente na<br />

aplicação <strong>de</strong> penas restritivas <strong>de</strong> direitos. Ou seja, pren<strong>de</strong>m-se cautelarmente<br />

os autores <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito, s<strong>em</strong> fundamento <strong>de</strong> cunho instrumental e, <strong>em</strong> muitos<br />

casos, constata-se, ao final <strong>do</strong> processo, que a pena privativa <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> não<br />

é aplicada’ (...). Tais circunstâncias reforçam a impressão <strong>de</strong> que o<br />

in<strong>de</strong>ferimento <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> provisória, funda<strong>do</strong> na gravida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>lito, está apoia<strong>do</strong> exclusivamente no apelo retórico ao risco à or<strong>de</strong>m pública,<br />

o que não se admite. Mesmo que se tratasse <strong>de</strong> acusação por crime grave, tal<br />

circunstância, por si só, seria inidônea a sustentar a manutenção da custódia.<br />

Com efeito, as referências à ‘criminalida<strong>de</strong> generalizada’ e ao <strong>de</strong>sassossego<br />

social provoca<strong>do</strong> pelos crimes contra o patrimônio escancaram o real<br />

fundamento da prisão preventiva nesse caso, que é antecipar a punição ao<br />

trânsito <strong>em</strong> julga<strong>do</strong> <strong>de</strong> sentença con<strong>de</strong>natória. Mas o encarceramento cautelar<br />

<strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer ao critério da indispensabilida<strong>de</strong> sob a ótica instrumental, a não<br />

ser que se presuma a lesão criminosa antes <strong>de</strong> julgada a causa. E esta Corte<br />

t<strong>em</strong> afirma<strong>do</strong> que tal presunção afronta diretamente a garantia inscrita no art.<br />

5º, LVII, da Constituição da República, que não permite impor ao réu, enquanto<br />

pen<strong>de</strong>nte a causa penal, nenhuma conseqüência danosa fundada ou vinculada<br />

diretamente a um juízo <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong> (...).” (HC 100.395-MC, Rel.<br />

Min. Cezar Peluso, <strong>de</strong>cisão monocrática, julgamento <strong>em</strong> 21-8-09, DJE <strong>de</strong> 27-8-<br />

09)<br />

"(...) consoante reitera<strong>do</strong> entendimento <strong>de</strong>sta Corte, quan<strong>do</strong> os crimes <strong>de</strong> falso<br />

e <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumento falso constitu<strong>em</strong> meramente um meio, um artifício<br />

para a obtenção da vantag<strong>em</strong> in<strong>de</strong>vida, se exaurin<strong>do</strong> no estelionato, por este é<br />

absorvi<strong>do</strong>. Em relação à frau<strong>de</strong>, induvi<strong>do</strong>so é que esta é um el<strong>em</strong>ento<br />

essencial <strong>do</strong> estelionato, não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser compreendida, no caso, como um<br />

tipo penal autônomo. (...) Já <strong>em</strong> relação à imputação <strong>do</strong> <strong>de</strong>lito <strong>de</strong> apropriação<br />

indébita, consubstanciada no fato <strong>de</strong> o extraditan<strong>do</strong> ter aliena<strong>do</strong> 20 máquinas<br />

<strong>de</strong> sua proprieda<strong>de</strong>, instaladas <strong>em</strong> sua <strong>em</strong>presa (...) não obstante as mesmas<br />

ser<strong>em</strong> objeto <strong>de</strong> ‘hipoteca’, enten<strong>do</strong> que tal fato não correspon<strong>de</strong> ao crime <strong>de</strong><br />

apropriação indébita previsto no art. 168 <strong>do</strong> Código Penal Brasileiro. (...)<br />

enten<strong>do</strong> que a dita ‘hipoteca’ na verda<strong>de</strong> se refere, no nosso or<strong>de</strong>namento<br />

jurídico, ao instituto <strong>do</strong> penhor industrial, previsto nos artigos 1.447 a 1.450 <strong>do</strong><br />

Código Civil. (...) Diante <strong>de</strong>sse entendimento, é possível concluir que a<br />

imputação feita, nesse ponto, encontra equivalente no tipo penal <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>fraudação <strong>de</strong> penhor, previsto no art. 171, § 2º, inc. III, <strong>do</strong> Código Penal<br />

brasileiro. Tal <strong>de</strong>lito é um tipo especial <strong>de</strong> estelionato e consiste na<br />

<strong>de</strong>fraudação, mediante alienação não consentida pelo cre<strong>do</strong>r, da garantia<br />

pignoratícia, quan<strong>do</strong> t<strong>em</strong> a posse <strong>do</strong> objeto <strong>em</strong>penha<strong>do</strong>." (Ext 1.143, voto <strong>do</strong><br />

Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento <strong>em</strong> 1º-7-09, Plenário, DJE <strong>de</strong> 21-8-09)<br />

"A conduta <strong>de</strong>scrita no § 1º <strong>do</strong> art. 180 <strong>do</strong> Código Penal é evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente mais<br />

gravosa <strong>do</strong> que aquela <strong>de</strong>scrita no caput <strong>do</strong> dispositivo, eis que voltada para a<br />

prática <strong>de</strong>lituosa pelo comerciante ou industrial, que, pela própria ativida<strong>de</strong><br />

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