01.05.2014 Views

Jornalismo científico & desenvolvimento regional - Observatório da ...

Jornalismo científico & desenvolvimento regional - Observatório da ...

Jornalismo científico & desenvolvimento regional - Observatório da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Jornalismo</strong> Científico & Desenvolvimeno Regional | 163<br />

ponto de vista de Lacey (2007a), este não é um resultado comprovado<br />

cientificamente. Sendo empíricas, as pesquisas científicas podem<br />

dizer muito sobre um embrião nas diversas etapas de seu <strong>desenvolvimento</strong>,<br />

mas não pode garantir que uma determina<strong>da</strong> etapa específica<br />

marque o início <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana, e não um novo momento no processo<br />

de maturação. “A ciência nos revela que o genoma distinto de um<br />

ser humano maduro está presente assim que foi formado o embrião,<br />

mas não que o genoma é suficiente para que esse ser se constitua um<br />

ser humano vivo. Um ser humano vivo tem direitos, e “direitos” não<br />

fazem parte <strong>da</strong> linguagem <strong>da</strong> teoria científica. A ciência não pode decidir<br />

sobre questões-chave de importância ética” (LACEY, 2007a).<br />

Aqueles que exigem restrições éticas às pesquisas com célulastronco<br />

embrionárias questionam o Princípio do pressuposto <strong>da</strong> legitimi<strong>da</strong>de<br />

imediata <strong>da</strong>s inovações técnico-científicas 4 (PLP) e sugerem<br />

como alternativa o princípio <strong>da</strong> precaução (PP). Conforme este último,<br />

“É obrigatório praticar a precaução a respeito de novas aplicações<br />

tecno-científicas, em decorrência de seus riscos potenciais, e permitir<br />

– previamente à implementação <strong>da</strong>s aplicações – um prazo razoável<br />

para que sejam realizados e avaliados estudos ecológicos, sociais e<br />

outros ain<strong>da</strong> que se mostrem relevantes” (LACEY, p.2, 2007b).<br />

Os adiamentos propostos pelo princípio de precaução são bastante<br />

criticados pelas instituições científicas predominantes, sobretudo<br />

porque fere alguns princípios sagrados <strong>da</strong> prática científica vigente:<br />

a autonomia, a objetivi<strong>da</strong>de, e a neutrali<strong>da</strong>de. Embora o estabelecimento<br />

de limites éticos, de fato, coloque em dúvi<strong>da</strong> alguns princípios<br />

caros à ciência moderna, a resistência ao princípio de precaução está<br />

relaciona<strong>da</strong> a outros fatores alheios a este debate. E como o próprio<br />

Lacey (2007b) reconhece, em um contexto onde as relações de produção<br />

do conhecimento científico mu<strong>da</strong>ram radicalmente, de uma<br />

prática predominantemente pública, para uma prática de interesse e<br />

controle privados e comerciais, é natural que a maior parte <strong>da</strong> pesquisa<br />

seja mesmo desenvolvi<strong>da</strong> a luz do princípio <strong>da</strong> legitimi<strong>da</strong>de técnicocientífica<br />

e em detrimento do princípio <strong>da</strong> precaução.<br />

4 Prima facie, a implementação de uma inovação tecnocientífica é legítima, se ela for<br />

uma aplicação de resultados científicos corretamente aceitos de acordo com a objetivi<strong>da</strong>de;<br />

ou, normalmente, a menos que exista evidência científica forte de que há<br />

sérios riscos, é legítimo implementar – sem atraso – aplicações eficazes do conhecimento<br />

científico objetivamente comprovado (LACEY, 2007b).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!