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Jornalismo científico & desenvolvimento regional - Observatório da ...

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<strong>Jornalismo</strong> Científico & Desenvolvimeno Regional | 171<br />

soluções inovadoras na área ambiental. Em sua coluna Sinal Verde, publica<strong>da</strong><br />

ao longo de 1991, na revista Imprensa, ele não só monitorava<br />

o trabalho dos jornalistas, como sugeria caminhos para uma cobertura<br />

mais relevante. Um dos significativos exemplos por ele fornecidos<br />

foi o <strong>da</strong> primeira reunião do Conama – Conselho Nacional do Meio<br />

Ambiente, na qual entraram em pauta temas como política nuclear<br />

brasileira, incentivos fiscais para projetos agropecuários na Amazônia,<br />

proibição de exportar espécimes <strong>da</strong> fauna e flora exóticos, tratamento<br />

de cargas em acidentes com navios, entre outros.<br />

Pois com tantos temas quentíssimos em discussão no mais alto<br />

foro de questões ambientais no país – que tem poder normativo<br />

nessas e em outras áreas – não havia um só jornalista presente.<br />

No dia seguinte, saiu em todos os jornais um mesmo relato <strong>da</strong><br />

reunião, certamente extraído de um press release morno e simplificador<br />

– quando o que aconteceu na reunião <strong>da</strong>ria matéria para<br />

umas duas páginas interessantíssimas de jornal, nas mãos de um<br />

jornalista competente e informado em questões ambientais (Imprensa,<br />

julho/1991, p.16).<br />

Como arrematou Novaes, não foi a primeira nem seria a última<br />

vez que a imprensa brasileira demonstraria esse tipo de despreparo<br />

ou de descaso. Quando a Eco-92 terminou, o jornalismo ambiental<br />

voltou a ser pautado pelos grandes desastres, pelo alarmismo acrítico<br />

e descontextualizado diante de ameaças iminentes e pelos assuntos<br />

de grande repercussão internacional, como ficou evidente no início de<br />

2007, à época <strong>da</strong> divulgação do quarto relatório do Painel Intergovernamental<br />

sobre Mu<strong>da</strong>nças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), criado<br />

pela ONU em 1990. O impacto <strong>da</strong>s informações e alertas contidos no<br />

documento motivou uma seção especial do Observatório <strong>da</strong> Imprensa,<br />

onde veículos e profissionais foram parar no “banco dos réus” 3 .<br />

No seu processo reducionista e fragmentário, o discurso jornalístico<br />

ignora a plurali<strong>da</strong>de de discursos ambientais em disputa pelo controle<br />

dos recursos naturais, isto é, os modos estruturados e compartilhados<br />

de apreender, interpretar, representar e defender as questões<br />

do meio ambiente. Para John Dryzek (2004), desde o lançamento do<br />

3 Disponível em: http://www.observatorio<strong>da</strong>imprensa.com.br/artigos.<br />

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