FACULDADE DE MEDICINA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO ... - Unesp

dos dedos até o ombro (risos), cheio de pinos, né Quem foi na minha casa
entendeu o meu problema, e quem encontrava comigo também, né Só
falavam aquele que não sabiam da minha situação 5 .
Depoimento 4
Codinome – Erva-doce
1 e 2 – Então no caso aqui, foi porque olha, eu trabalhei no CS como atendente
de enfermagem, então lá a gente atendia 8 médicos por turno assim, de manhã
era um tanto a tarde outro e eram 16 pressões/médico, agora você já imaginou
quantos eu via, Esse problema veio agravando. 1 Um dia uma dor aqui outra dor
ali, Quando eu vim para o HRA eu trabalhei na clínica de psiquiatria que tinha
menos atendimento assim, mas tinha, injeção e um monte de coisa prá fazer e
aí eu fui para o ambulatório, quando abriu o ambulatório eu fui prá lá.
Aí começou, primeiro era pouco médico, mas os funcionários queriam ver
pressão, fazer controle de PA,eu via 80 pressões por dia! Quando eu tava
sozinha lá no ambulatório eu abria prontuário com uma máquina de escrever,
atendia o médico lá dentro. 1 Ainda fazia 8 horas/dia! Tanto que o auxiliar de
enfermagem não agüenta fazer mais de 6 horas. Ultrapassa o nosso limite!
Sabe tanto da cabeça que a gente é muito cobrada. É cobrança em cima de
cobrança! Aí, mas eu nem digo que sejam os colegas que trabalham com a
gente, a instituição é assim. O sistema é esse! 2 Então aí foi acontecendo uma
coisa e outra, Em 96 eu já sentia muita dor, muita dor na parte do braço aqui,
Eu falava “Nossa!” e eu ia ao médico, passava remédio, fazia fisioterapia e
fazia uma coisa e outra e nada,aí eu passei em uma médica do trabalho e ela
falou, ela pesquisou o que tava acontecendo, inclusive ela pegou uma CAT
para abrir, eu tenho a CAT até hoje e ela não abriu,! Com testemunha e tudo e
ela não abriu a CAT! 3 Eu tive que me afastar um tempo, depois eu voltava
trabalhar, estava de novo! Eu usava tipóia, voltava,doía de novo. Porque eu
acredito que do que aconteceu desse tipo, coisa que hoje eu tenho visto
bastante aqui, eu fui a primeira, que pôs prá fora isso então aí eu comecei a me
sentir mal 4 , e como minha filha fazia psicologia na área de Saúde do
Trabalhador, o professor de minha filha começou a me atender separado e ele
conhecia um médico em São Paulo especialista em mão. Aí meu marido me
levou, pagou a cirurgia porque eu já não agüentava mais de dor, eu andava
com o braço prá cima, a parte emocional estava lá em baixo! Aí o psicólogo me
atendeu, me ajudou muito, (emociona-se!) ele me ajudou muito na época! 5 Aí
eu vim embora, tive que ficar 7 meses afastada tinha que ficar, renovando
licença, 6 Aí ele descobriu que tinha mais uma coisa aqui na mão, Aí foi mais
quatro meses prá fazer a nova cirurgia da mão. 6 Tudo,Foi tudo isso que
aconteceu,(emocionada!) aí eu penso assim que ,é como eu te falei,que a
gente não via o horizonte, a gente não sabe a quem recorrer, 6 hoje as pessoas
estão mais espertas, Já vão atrás e dizem que não podem fazer.Eu não quero
fazer,E eu não vou fazer! E eu não tinha essa capacidade. Tudo que vinha eu
fazia, eu abraçava, Então o doutor de São Paulo coloca nos meus
afastamentos sobrecarga (e repete esta frase acentuando a palavra
sobrecarga) 7 inclusive eu escrevo com adaptador, Fiz TO Também, precisei
fazer TO. O adaptador também é prá ta usando prá escrever. Porque nem
escrever é prá eu escrever. E aqui eu escrevo bastante, só que a minha